Após a eleição, a palavra de ordem é reciclagem. Pelo menos para o sanitarista Alcione Duarte, técnico da Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae) e candidato à Assembleia Legislativa (Alerj) na eleição realizada ontem (3) no país.
Todo o material usado em sua campanha, incluindo banners, cartazes, faixas, bandeirolas, vai virar renda para a população carente atendida pela organização não governamental (ONG) Nascente Pequena, do município de Guapimirim, na região serrana fluminense.
Duarte afirmou que não se pode contaminar mais o ambiente onde vivemos. “Essa é a atitude mais racional que qualquer candidato pode fazer. Pelo menos, [o lixo da campanha] vai ter um destino mais nobre”.
Levando em conta que cada candidato consumiu, em média, entre 200 quilos e 250 quilos de material, somente os 1.643 candidatos que concorreram ao cargo de deputado estadual no Rio, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), geraram 410,75 toneladas.
O resíduo será utilizado nos programas da ONG Nascente Pequena para a geração de uma linha de bolsas, entre outras peças, no curso profissional em máquinas industriais. O pólo de costura da ONG fica situado no centro de Guapimirim e na localidade de Citrolândia. Ali funcionam oficinas interativas que aproveitam retalhos para a confecção de bolsas, almofadas, cortinas, colchas e edredons, visando à geração de trabalho e renda para a comunidade carente local.
Responsável pela criação do projeto Replantando Vida, de reflorestamento de matas ciliares e da Mata Atlântica no estado, com o apoio da Cedae, o sanitarista comemorou meio milhão de árvores plantadas.
O projeto utiliza mão de obra de presidiários em regime semiaberto. “Eles saem do presídio, trabalham conosco durante o dia e voltam à noite. Com isso, a gente está reflorestando margens de rios. É um trabalho muito bacana”. No Dia da Árvore, comemorado em 21 de setembro, o projeto conseguiu plantar 51 mil mudas em todo o estado. Na mesma data do ano passado, foram plantadas 12 mil mudas.
A Cedae está realizando o reflorestamento dos principais mananciais da região metropolitana do Rio. Duarte não descartou, entretanto, que o programa venha a se expandir para o interior fluminense, onde existem mananciais a serem preservados. “Só que aí, para o projeto ser replicado, eu dependo de mão de obra do cárcere”, explicou.
Alcione Duarte disse que o projeto poderia ganhar maior amplitude se o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) passasse a utilizar essa mão de obra. “Já pensou o Inea abraçando essa ideia? Tanta mão de obra ociosa dentro das cadeias”, comentou. Para o sanitarista, esse “é o principal tempero para que de fato aconteça a ressocialização (dos presos). Até porque manter confinado não ressocializa ninguém”.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 04/10/2010)