Um estudo realizado em Cuiabá, no Mato Grosso, mostra que quem passa alguns dias na capital vai ser obrigado a tragar dez cigarros por dia. Essa afirmação foi feita por um médico que estuda os efeitos do tempo seco na nossa saúde.
Para saber o que as pessoas estão respirando na capital de Mato Grosso, um teste foi realizado. No equipamento que mede o material em suspensão, colocamos um filtro de fibra de vidro, uma espécie de tecido, bem fino, que vai receber durante um dia inteiro, as partículas de poluição que estão na atmosfera. A máquina foi instalada nos fundos de um apartamento, num bairro residencial de Cuiabá.
Vinte e quatro horas depois, retiramos o filtro para saber que tipo de impurezas ele conseguiu captar. Antes mesmo de qualquer exame laboratorial, já é possível perceber a diferença entre um filtro limpo novo e o que usamos para o teste.
- Quando passou pelo filtro, ele reteve as partículas sólidas que tinha no ar naquele momento. Durante 24 horas o que o aparelho puxou, é a mesma coisa que nós respiramos durante 24 horas - explica Maurélio Ultramare, pesquisador.
Levamos a amostra para um laboratório. Depois da análise, o resultado foi alarmante: no filtro estava quase o dobro do limite aceitável de partículas que poderíamos respirar.
- Dias e dias, meses, respirando esse lixo aéreo. Porque não tem só materiais carbonáceos, fuligem. Tem também óxidos metálicos. Dentre esse óxidos metálicos, nós temos a presença de metais pesados, que decorre, exatamente da queimada - revela Paulo Modesto, doutor em meio ambiente.
O principal poluente encontrado foi o monóxido de carbono. É como se as pessoas que circulam pela cidade estivessem fumando metade de um maço de cigarro por dia.
- Nós todos que estamos aqui em Cuiabá hoje, estamos sob o efeito de uma carga muita tóxica de monóxido de carbono, equivalente a pessoa que fuma dez cigarros por dia. A principal orientação é evitar exercícios fora de casa - diz Clóvis Botelho, médico pneumologista.
(Jornal Hoje, O Globo, 02/10/2010)