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biocombustíveis segurança alimentar soberania alimentar
2010-10-04 | Tatianaf

O Senegal trabalha para equilibrar as crescentes demandas de alimentos e biocombustíveis, embora pesquisadores e agricultores ainda estejam divididos em torno dos benefícios de cultivar para produzir agrocombustíveis enquanto a África lida com a insegurança alimentar. O Senegal, que usa mais de 500 milhões de litros de gás combustível por ano, desenvolve um ambicioso programa de biocombustíveis para ser autossuficiente em matéria de energia e alimentos até 2012.

Uma pesquisa do Imperial College de Londres mostrou que a bioenergia não só é compatível com a produção alimentar como também pode beneficiar muito a agricultura na África, mas nem todos concordam. Durante anos, o Senegal trabalhou com investimentos em biocombustíveis, agricultores, pesquisadores e o setor privado, para promover o cultivo de pinhão manso (Jathropha curcas). Esta é uma planta oleaginosa comumente usada para separar as casas do gado, que também tem propriedades medicinais.

O diretor-geral do Instituto de Pesquisas Agrícolas do Senegal, Macoumba Diouf, disse à IPS que a energia barata é importante para modernizar a agricultura e impulsionar a produção de alimentos no país. Esta nação africana já desenvolveu um plano quinquenal de bioenergia até 2012, que prevê o plantio, nos próximos dois anos, de um bilhão de pés de pinhão manso, usando viveiros e até reprodução in vitro.

Atualmente, o país está difundindo material para complementar as plantas silvestres e espera-se que cerca de um quarto dessa quantidade seja plantada até o final do ano. O Senegal cultivará 321 mil hectares de terra com esta oleaginosa em 321 distritos, à razão de mil plantas por hectare. “Projetamos que, a partir dos 300 mil hectares dessa planta, em cinco anos poderemos produzir três milhões de toneladas de combustível para termos um bilhão de litros de biodiesel que nos tornarão autossuficientes em matéria de energia” por muito tempo, disse Macoumba, cujo instituto coordena o programa.

Estima-se que o programa custará US$ 140 milhões e criará cem mil empregos diretos, além de aumentar a renda dos agricultores. Porém, não será fácil para o Senegal encontrar aliados que apostem no sonho da bioenergia, já que existem os que afirmam que este tipo de projeto incentiva o confisco de propriedades e força agricultores marginalizados a abandonarem suas terras ancestrais.

Isto ocorre apesar de um estudo, datado de maio e apresentado em junho pelo Imperial College de Londres, sobre a produção de biocombustível em seis países, ter determinado que existe terra disponível suficiente para aumentar significativamente o cultivo de cana-de-açúcar, sorgo e pinhão manso para elaborar biocombustíveis sem reduzir a produção de alimentos.

“A produção de bioenergia pode gerar investimentos em terras, infraestrutura e recursos humanos que podem ajudar a liberar o potencial latente da África e aumentar positivamente a produção de alimentos”, diz no estudo “Mapping Food and Bioeenrgy in Africa” (Traçando um Mapa de Alimentos e Bioenergia na África) sua autora principal, Rocío Díaz-Chavez.

Entretanto, agricultores como Phillip Karini, que é presidente da Associação de Agricultores da África Oriental, discorda das conclusões do informe. “A impressão de que na África sobram terras não é correta”, afirmou à IPS. “Não considero possível chegar a uma situação em que os cultivos de alimentos e os destinados à produção de combustíveis possam coexistir em muitas partes da África. Os atores da indústria dos biocombustíveis não estão apontando para a segurança alimentar local e é provável que privem de insumos, e mesmo de mão-de-obra, os sistemas de segurança alimentar para dedicá-los aos biocombustíveis, o que redundará na não produção de alimentos”, acrescentou.

A agricultora Lydia Sasu, de Gana, disse que muitos de seus colegas estão desiludidos por não terem recebido dinheiro após deixar suas terras para dar lugar a projetos de biocombustíveis. Inclusive, o Fórum para as Pesquisas Agrícolas na África (Fara) e a Aliança para uma Revolução Verde na África (Agra), se mostram cautelosos na hora de priorizar os cultivos para biocombustíveis sobre os alimentares.

As duas instituições admitem que a pesquisa é uma ferramenta vital do desenvolvimento, especialmente na agricultura, para garantir que os governos tomem decisões informadas quando elaborarem políticas sobre os agrocombustíveis. “A África conta com muitas inovações, mas estão na gaveta”, disse à IPS Monty Jones, da Fara, com sede em Gana.

O presidente da Agra, Namanga Ngongi, disse à IPS que a África experimenta um déficit de alimentos e que deveria priorizar os alimentos sobre os combustíveis. Em um estudo apresentado em 23 de julho pelo Green Business, Bryce Wolfe disse que um dos inconvenientes dos biocombustíveis é a grande quantidade de terra e água que esses cultivos consomem.

“Converter cultivos em etanol essencialmente nos tira alimento da boca para colocar combustível em nossos carros”, disse Bryce, reclamando método mais eficiente para produzir agrocombustíveis. Segundo o Instituto para as Políticas Alimentares e o Desenvolvimento, dos Estados Unidos, nem todas as promessas positivas sobre os biocombustíveis são certas. O argumento de que estes são limpos e verdes, que não causarão desmatamento nem fome, que gerarão desenvolvimento rural e darão lugar a melhores combustíveis de segunda geração não passam de mitos, porque, na realidade, ocorre o oposto, afirma.

(Por Busani Bafana, da IPS, Envolverde, 4/10/2010


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