O modelo de desenvolvimento atual não traz nenhuma possibilidade de termos um País mais sustentável. Este padrão de produção e consumo, maior do que o planeta pode suportar, precisa ser repensado, mesmo com todas as barreiras existentes. No campo político, inclusive, onde persiste a idéia de paternalismo e centralização do poder nas mãos de poucos em detrimento de muitos.
Mesmo diante de estruturas falidas, injustas e insensíveis às mudanças e riscos do atual modelo de desenvolvimento, devemos nos empenhar para construir um projeto socioambiental para a nossa Nação. Basta analisar o passado de vários paises e as conseqüências desastrosas em relação aos seus recursos naturais. Basta olhar para o Brasil e perceber que existe uma grande parcela da população sem água encanada, esgoto tratado, habitação em área de risco e sobrevivendo na pobreza extrema. Basta olhar para o presente e perceber que este modelo não é sustentável. Ou seja, estamos cavando a própria sepultura. Ou mudamos o nosso modelo de desenvolvimento, o nosso jeito de fazer política pública para as pessoas, o nosso cuidado com os recursos naturais ou estamos caminhando apressadamente para um futuro nada sustentável.
Este é o momento de mudar o rumo da gestão social, política e desenvolvimentista do nosso País. É a hora de buscar uma utopia realizável e esta utopia pode ser a sustentabilidade.
Como idealizamos o nosso país para os próximos 20 anos? Qual a nossa capacidade produtiva futura? Como vamos dar valor aos nossos recursos naturais? Ainda existem pessoas que acreditam que o Brasil não passa realmente por esse tipo de crise, dizendo: mas com tantas florestas, grandes quantidades de áreas e de água disponível? Essa riqueza natural parece que nunca vai acabar.
Buscamos uma utopia que vise um desenvolvimento humano e socioambiental, mas que incentive e fortaleça a organização social no âmbito local. Inclusive, dando maior possibilidade de autonomia decisória nas questões locais; delegar o poder.
Buscamos uma utopia realizável e sustentável que vise:
“...dimensões ambientais, econômicas, sociais, políticas e culturais, o que traduz preocupações com presente e futuro das sociedades, com a produção e consumo de bens e serviços, com a satisfação das necessidades básicas da população, com a conservação e preservação dos ecossistemas, com os direitos humanos e o resgate da cidadania, com os mecanismos de participação social e distribuição do poder decisório, com a cultura política, com os valores, atitudes e ideologias. Precisamos construir uma nova visão da realidade.” (Fundação Konrad Adnauer, Debates, no. 11, 1996).
Precisamos ter coragem e disposição para enfrentar todas as etapas da mudança que queremos construir. O que não podemos é continuar a reclamar, sem ao menos tentar implantar um novo modelo de gestão para a nossa sociedade. É isto ou o nosso futuro é incerto. Não sabemos onde vamos chegar. É por isso que devemos buscar um sonho, uma utopia - realizável e sustentável.
*Jetro Menezes, 42 anos, é Colunista de Plurale, colaborando com artigos sobre Sustentabiilidade. É consultor e gestor ambiental e diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Franco da Rocha (SP)
(Por Jetro Menezes, Envolverde/Plurale, 30/09/2010)