Um novo derramamento de petróleo no rio Corrientes está prejudicando a vida de 11 comunidades peruanas da Villa Trompeteros. O incidente ocorreu na madrugada do dia 24 e foi fruto do rompimento de uma válvula na base da empresa Pluspetrol. Cinco dias depois, ninguém se dirigiu às comunidades para se responsabilizar ou explicar a gravidade do problema.
Às 3h da manhã do dia 24, sexta-feira, habitantes na Villa Trompeteros foram surpreendidos com manchas de petróleo no rio que garante água e alimento para 11 comunidades. A surpresa não foi tão grande, visto que o rio, constantemente, é vítima de derramamentos de petróleo por parte da reincidente Pluspetrol.
Ao buscar explicações, a população escutou da empresa petroleira que apenas três barris vazaram e contaminaram o rio. O desprezo dado ao problema, assim como a conivência das autoridades da província de Loreto, que apenas repetiram os dados repassados pela petroleira, causaram revolta e indignação.
Segundo informações da Associação Interétnica de Desenvolvimento da Selva Peruana (Aidesep) que, junto com a Federação de Comunidades Nativas do rio Corrientes (Feconaco), denunciou o caso, até o momento não foi determinada ao certo a quantidade de barris de petróleo cru que contaminou o rio. Contudo, de acordo com denúncias da população, a quantidade foi superior à divulgada pela Pluspetrol, já que a mancha de petróleo tem de 15 a 20 km de extensão.
As comunidades peruanas estão sendo amplamente afetadas, pois o rio Corrientes é fonte de água e alimentos. Com o derramamento, está faltando água para beber. Os que experimentaram matar a sede com a água contaminada estão sofrendo as consequências de uma possível intoxicação com várias manchas pelo corpo.
Membros da Defensoria do Povo e do organismo supervisor Osinergmin visitaram a região durante a sexta-feira (24) para constatar as dimensões do derramamento e, após isto, se instalarem na base da empresa para buscar explicações.
As comunidades afetadas pelo estrago provocado pela Pluspetrol pedem que, de imediato, autoridades provinciais e regionais se pronunciem sobre o caso, investiguem e punam os responsáveis. Não é a primeira vez que acontece um derramamento de petróleo no Corrientes, mas espera-se que seja a última.
Segundo informações da Feconaco, apenas no ano de 2009 foram registrados no rio Corrientes 16 derramamentos de petróleo, sendo dez de grandes proporções. Todos foram de responsabilidade da Pluspetrol Norte. Em 2008, o número foi ainda maior: 18 vazamentos prejudicaram a vida e saúde de parte da população peruana, assim como danificaram o meio ambiente. Os prejuízos causados pelo petróleo entornado no rio foram filmados, fotografados e detalhados em relatórios, mesmo assim as comunidades continuam sem explicação ou reparação.
No dia 19 de junho deste ano, a Pluspetrol Norte, filial da petroleira argentina Pluspetrol, foi responsável por outro grande derramamento, desta vez no rio Marañon. Estima-se que cerca de 400 barris de 159 litros tenham vazado e contaminado as águas do rio. Mais de quatro mil habitantes da Amazônia peruana, distribuídos em 28 comunidades ribeirinhas, foram afetados pelo incidente.
(Por Natasha Pitts, Adital, 30/09/2010)