A qualidade do ar que respiramos em São Paulo e medido pela Cetesb, de acordo com critérios do Conama é muito pior do que se imagina. Comparando com os critérios da OMS (Organização Mundial da Saúde) nossa mediação é extremamente incompleta. O presidente da Cetesb, Fernando Rei, afirmou que ainda neste ano deve ser iniciada a primeira etapa para que a agência ambiental adote padrões da Organização Mundial de Saúde (OMS) para medição da qualidade do ar em São Paulo. “O primeiro passo seria dado este ano e em três anos deve haver a adoção dos padrões da OMS”.
O cronograma mencionado por Fernando Rei está sendo elaborado desde o início de 2010 por um grupo de trabalho interdisciplinar que conta com a presença de representantes da prefeitura de São Paulo, do governo estadual (Cetesb), pesquisadores da USP e Petrobras, entre outros. A previsão do presidente da Cetesb foi feita a integrantes do Movimento Nossa São Paulo, que entregaram a ele o abaixo-assinado com cerca de 1.500 assinaturas para que os novos padrões sejam adotados o mais rápido possível. Oded Grajew, um dos presentes à reunião, argumentou a Fernando Rei que “os critérios da OMS são importantes porque indicam que abaixo de um determinado valor a saúde das pessoas corre riscos.”
O pesquisador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, Paulo Saldiva, destacou que a adoção dos padrões da OMS tornaria mais claro que a poluição não é apenas um problema ambiental, mas uma questão de saúde pública. “Isso dá respaldo ao gestor para tomar medidas que sejam de coragem”, afirmou. De acordo com estudos do laboratório da USP morrem cerca de 6 pessoas por dia em São Paulo devido à poluição do ar.
Rei respondeu que a questão é complexa, “que além de coragem, exige vontade política” e acrescentou que o grupo de trabalho está caminhando no sentido de adotar a recomendação da OMS. Paulo Saldiva disse que a faculdade de medicina da USP já tem pronto um software capaz de estimar o custo financeiro e as mortes causadas por cada poluente. A metodologia foi desenvolvida a pedido do Ministério da Saúde e já foi apresentada no grupo de trabalho que estuda os padrões de medição da poluição do ar.
Confira abaixo os limites máximos de concentração de poluentes no ar utilizados como padrão pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e os da Cetesb (estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente-Conama):
- Concentração anual de material particulado (poeira mais fina que penetra nos pulmões): OMS - 20 microgramas por metro cúbico; Cetesb - 50 microgramas por metro cúbico;
- Ozônio: OMS - 100 microgramas por metro cúbico; Cetesb - 160;
- Poeira: OMS - 50; Cetesb - 150;
- Fumaça: OMS - 50; Cetesb - 150;
- Poeira fina: OMS - 25; Cetesb - não tem;
- Monóxido de carbono: OMS e Cetesb - 9;
(Observatório Eco/EcoAgência, 28/09/2010)