As perspectivas do Conselho Global de Energia Eólica não poderiam ser mais positivas para o setor e parte da tendência de crescimento é atribuída a países emergentes como o Brasil, que finalmente acordou para o mercado
Com cerca de 40 GW adicionados este ano ao montante global de energia eólica, o mundo deve alcançar quase 200 GW até o final de 2010, anunciou o secretário geral do Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council-GWEC) Steve Sawyer.
Apesar da demanda reduzida no mercado norte-americano devido à crise financeira, o crescimento nos mercados chinês, sul-americano e norte-africano e a estabilidade na Europa fortaleceram o setor em 2010.
“No geral, a energia eólica continua a ser um mercado em crescimento, lidando com a crise econômica muito melhor do que alguns analistas previam”, notou Sawyer durante uma conferência em Husum, Alemanha. Este encontro é tido como o maior no setor eólico, reunindo mais de 30 mil visitantes de 70 países.
No seu panorama para cinco anos, o GWEC prevê que a energia eólica dobrará a sua fatia de mercado até 2014 para 400 GW, equivalente a 3% da demanda energética mundial. Este salto será motivado principalmente pela China, Estados Unidos e Europa, mas outros países também estão entrando em cena, explica a agência.
“Com a energia eólica se tornando mais competitiva, está rapidamente se expandindo além dos mercados tradicionais na América do Norte e Europa...Estamos vendo sinais muito encorajadores de países na América Latina, incluindo o Brasil, México e Chile, assim como no norte da África e na região sub-saariana”, comentou.
Em outubro, um panorama em logo prazo será apresentado pelo GWEC durante uma conferência na China. Serão considerados três cenários para o desenvolvimento da energia eólica demonstrando como seria operacionalizada uma capacidade energética de 1 mil GW até 2020 e até 2,3 mil GW até 2030.
Mercado nacional
Quase 90% da eletricidade produzida no País em 2009 veio de fontes renováveis – principalmente hidráulica (83,7%), biomassa (5,9%), e uma pequena participação de eólica (0,3%), segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do Ministério de Minas e Energia.
Até o ano passado, o Brasil apresentava uma capacidade total instalada eólica de pouco mais de 600 MW e outros 700MW serão concluídos até o final de 2010, fechando os 1,4 GW de parques eólicos contratados pelo Proinfa, programa lançado em 2002 e que por falta de apoio regulatório, demorou a engrenar.
O primeiro leilão visando a venda de energia eólica foi realizado em dezembro de 2009 e negociou 1,8 GW de parques a serem construídos até 2012.
No mês seguinte deste leilão, segundo informações da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), uma série de fabricantes, como as multinacionais GE, Siemens, Vestas e Alstome, já anunciava projetos de implantar fábricas Brasil, engavetados até então na espera por demanda.
Em agosto de 2010, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) realizaram um leilão para a contratação de energia de fontes alternativas. No total, foram vendidos 714,3MW, segundo o jornal Valor Econômico.
O preço médio dos contratos fechados por 50 usinas eólicas e uma térmica movida a bagaço de cana foi de R$ 134,23 por MWh (megawatts hora). Já as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) negociaram 48,1 MW médios a um preço médio de R$ 146,99, superando o mito que a energia eólica seria mais cara que a hídrica.
O suprimento proveniente das contratações deste leilão terá início em 2013 e deve durar 20 anos, exceto pelas PCHs que durarão 30 anos.
Apesar do montante brasileiro ainda ser muito pequeno em comparação com países europeus, a taxa de crescimento anual do setor no Brasil é 77,5%.
A Espanha, por exemplo, possuía no final de 2009 quase 20 GW instalados, uma taxa de crescimento de 14,7% e 40 mil postos de trabalho ligados à energia eólica.
Dentre os países emergentes, a China possui mais de 25 GW instalados e uma impressionante taxa de crescimento no setor eólico, 114,7% (veja um mapa interativo, em inglês).
(Por Fernanda B. Muller, CarbonoBrasil, 27/09/2010)