A porção continental de Belém, capital do Pará, tem menos de 15% de suas florestas originais conservadas, de acordo com estudo divulgado nesta sexta-feira (24) pelo Museu Paraense Emílio Goeldi. Realizado pela pesquisadora Surama Hanna Muñoz e coordenado por Leandro Ferreira, o estudo avaliou níveis de desmatamento em áreas urbanas da região metropolitana de Belém.
A pesquisa concluiu que as cidades da região, onde vivem mais de 1,8 milhão de pessoas, não tiveram planejamento urbano adequado ao longo dos anos. As altas taxas de ocupação e uso do território refletem na falta de conservação de florestas, que são retiradas para dar espaço a novas construções.
Os resultados mostram níveis de desmatamento distintos nos municípios. Com 67,2% de florestas derrubadas, Benevides é a cidade mais atingida na região. O desmatamento em Belém atingiu 51% da mata original, segundo a pesquisa, mas a taxa é mais alta ao levar em consideração a porção da capital no continente.
As ilhas que fazem parte de Belém tiveram 32,6% da mata original devastada, mas a parcela continental da cidade teve 87,5%, de acordo com o estudo. Isso faz com que a taxa de florestas originais na região seja inferior a 15%.
A perda de florestas na área urbana de Belém pode ameaçar a conservação da biodiversidade no local, de acordo com os pesquisadores. Por isso, o Museu Goeldi recomendou que algumas áreas de mata isoladas na cidade sejam transformadas em novas unidades de conservação. A pesquisa identificou 154 fragmentos florestais urbanos na região metropolitana de Belém, com áreas de até 393 hectares.
As regiões central e sudeste de Belém têm os piores índices de fragmentos florestais urbanos, de acordo com o estudo, considerando tamanho, isolamento e o efeito de borda, que leva em conta a distância de um local conservado até outro. O sudoeste da cidade apresenta melhores condições para a soltura de animais silvestres, principalmente na região próxima ao Rio Guamá. De modo geral, a pesquisa concluiu que a área metropolitana de Belém tem poucos fragmentos florestais, sendo que os atuais são pequenos e isolados.
(Globo Amazônia, 26/09/2010)