O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou hoje os países industrializados por "falarem muito" e fazerem pouco pelo meio ambiente, durante discurso na solenidade de inauguração da primeira unidade de produção de polietileno verde em larga escala do mundo, em Triunfo (RS).
Manifestando-se gratificado por ver uma empresa brasileira, a petroquímica Braskem, desenvolver tecnologia própria, com quadros nacionais, para substituir o petróleo pelo etanol da cana-de-açúcar como matéria-prima para a fabricação do polietileno usado na fabricação de sacolas e embalagens plásticas, Lula disse que "a gente pode mostrar ao mundo que aquilo que vocês falam nós fazemos". No caso do plástico verde, a cana-de-açúcar sequestra dióxido de carbono do ar, reduzindo o efeito estufa.
O presidente lembrou que em Copenhague, em dezembro do ano passado, o Brasil se dispôs a reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% e a emissão de gases que causam o efeito estufa em até 39% até 2020, enquanto a proposta de outros países foi bem inferior. "A Europa, que parecia ''bambambam'' para despoluir o mundo ofereceu apenas 20% e os Estados Unidos apenas a diminuição de 4%", recordou. "E na hora de colocar dinheiro eles não querem, porque querem que país recém industrializado tenha a mesma responsabilidade que eles têm já que emitem gás do efeito estufa há 200 anos e nós começamos apenas agora", comparou.
Lula prometeu levar para a próxima conferência, no México, no final deste ano, um saco de polietileno verde para espalhar o produto no chão onde os participantes vão pisar "para eles saberem que enquanto eles falam, ditam regras, nós aqui no Brasil falamos menos e fazemos mais". No mesmo tom de louvação à inovação produzida no País, avisou: "Se quiserem fazer parceria, nós brasileiros estamos de braços abertos para ajudar o mundo a sequestrar carbono e emitir menos gás do efeito estufa".
(Por Elder Ogliari, Agência Estado, 24/09/2010)