O Rio Grande do Sul, por suas características socioeconômicas e o alto índice de empreendedorismo, é a aposta do Instituto Plastivida para a reciclagem energética de resíduos sólidos no País. Para o presidente da entidade, Francisco de Assis Esmeraldo, os gaúchos têm mais abertura a novas formas de destinação do lixo, como a geração de energia elétrica a partir de processos térmicos, que podem incluir a queima. "Foi com esse entendimento que propusemos que o primeiro Fórum Regional de Reciclagem Energética fosse feito no Rio Grande do Sul", afirmou. O encontro foi realizado nesta quinta-feira na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre.
Como exemplo da postura gaúcha, Esmeraldo lembrou o projeto de lei que prevê a distribuição de sacolas plásticas de maior resistência pelos supermercados como uma das consequências da campanha de consumo responsável destas embalagens lançada pela entidade. Essa atitude participativa foi demonstrada pelo público presente no encontro, estimado em 150 pessoas, entre empresários, gestores públicos e estudantes. O evento contou com palestrantes de entidades como a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (Brde).
O Brasil não possui um exemplo viável em funcionamento de usina de reciclagem energética que motive a adesão das prefeituras. A única usina experimental em atividade fica na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, e processa cerca de 30 toneladas diárias de resíduos sólidos. O executivo da Abrelpe, Carlos Roberto Silva Filho, afirmou que o processo de convencimento dos gestores públicos para adoção de sistemas de reciclagem energética é necessário, mas difícil pela concorrência desleal dos lixões irregulares. "É inadmissível que um país como o Brasil ainda tenha depósitos completamente inadequados e irregulares de lixo que, além de toda a poluição que representam, inviabilizam a implantação de projetos sérios", disse, ao pedir uma ação rígida do governo.
A Abrelpe não tem um custo mínimo estimado para a instalação de uma unidade de aproveitamento energético de resíduos sólidos. Os valores variam conforme a capacidade de processamento, o tamanho e a localização do projeto. Porém, o comitê de reciclagem do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS) simulou a implantação de uma unidade, partindo do pressuposto de que a energia produzida seria vendida aos municípios. Para uma planta que processe 200 mil toneladas/ano e gere 150 megawattz, o custo de instalação foi estimado em R$ 250 milhões e o prazo de retorno, em 20 anos.
Segundo Silva Filho, existem no mundo cerca de 800 unidades de geração de energia a partir dos resíduos sólidos. "As iniciativas modernas são atreladas a sistemas complexos de filtragem de emissões, e as substâncias lançadas no ar são divulgadas permanentemente", disse. As entidades afirmam que a geração de energia a partir de resíduos sólidos deve ser um elemento de uma solução mais ampla, que contemple a redução do desperdício, a reutilização, a reciclagem mecânica (a transformação de um objeto em outro). Essa gestão ampla dos resíduos sólidos é prevista na política nacional sancionada em agosto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Cresce adoção de práticas de gestão ambiental
Procedimentos relacionados à gestão ambiental, como economia de energia elétrica e reutilização da água, são adotados por 71% das empresas, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse percentual diminui para 61% entre as pequenas empresas e sobe para 94,9% entre as grandes. Entre aquelas que declararam adotar esses procedimentos, 87,5% afirmaram contar com um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - que compreende processos com certificação internacional.
Dentre os programas adotados, destacam-se a redução na geração de resíduos (80,1% das empresas que possuem SGA), o uso eficiente de energia (69,5%), a redução no consumo de água (58,3%), o uso de resíduos como matéria-prima ou insumo (45,9%) e a reutilização de água (43,6%). Foi constada a baixa adesão de práticas capazes de proteger a fauna e a flora, uma vez que a proteção de áreas ambientais sensíveis teve adesão de apenas 36%, enquanto investimentos na produção da biodiversidade abrangeram 6,9%.
(JC-RS, 23/09/2010)