Com cerca de 1% do território ocupado por lavouras de cana-de-açúcar, o Brasil ostenta o segundo lugar no ranking dos maiores produtores mundiais de etanol, que este ano deve somar 29 bilhões de litros no país.
Enquanto o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aposta na duplicação desse potencial em um prazo de 10 anos, cientistas já trabalham para desenvolver a segunda geração do produto: o etanol celulósico.
A ideia é produzir o cobiçado biocombustível, cuja demanda cresce a cada dia no mercado global, a partir de restos da indústria madeireira, como galhos finos de eucalipto, e também de casca de arroz, de bagaço da cana e de outros resíduos agrícolas, que muitas vezes não são aproveitados e acabam no lixo ou simplesmente são queimados.
– Temos muito a ganhar com essa evolução. Para se ter uma ideia, só com o uso do bagaço da cana, será possível elevar em 30% ou 40% a produção de etanol sem ter de aumentar as plantações – explica o chefe de Comunicação e Negócios da Embrapa Agroenergia, José Manuel Cabral.
A alternativa vem sendo alvo de estudos na entidade há cerca de três anos, inclusive com parcerias externas. No mesmo caminho, estão órgãos como o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol, do Ministério de Ciência e Tecnologia, e a Petrobras.
Disposta a manter o país à frente quando o assunto é etanol, a gigante brasileira acaba de assinar um contrato com a KL Energy Corporation (KLE) para aperfeiçoar a tecnologia de obtenção do produto, que já vem sendo estudada por técnicos da Petrobras desde 2004. Os testes na planta da KLE, em Upton (EUA), devem transcorrer até o início de 2011.
– O que a gente quer é ter a vanguarda nessa área. Nossa meta é desenvolver, no Brasil, a primeira unidade industrial do mundo capaz de produzir etanol celulósico – adianta o gaúcho João Norberto Noschang Neto, gerente de gestão tecnológica da Petrobras Biocombustível.
(Zero Hora, 23/09/2010)