A prefeitura de Porto Alegre fará uma reavaliação quanto ao formato do projeto Portais da Cidade, que prevê um novo sistema de circulação e transporte coletivo na Capital gaúcha. O secretário municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Newton Baggio, comenta que o planejamento está sendo ajustado devido a algumas "pendências" que, no momento, estão sendo debatidas.
Baggio detalha que, em especial, está em discussão o modelo de estação a ser instalada. A solicitação preliminar foi para implementar estações mais altas nos corredores de ônibus, mas a equipe técnica da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) indica que deveria ser adotada a implantação de estruturas baixas. "Isso implica mudança nos aspectos conceituais do projeto", diz o secretário.
A ideia original também previa a realização de uma Parceria Público-Privada (PPP) para viabilizar o projeto, algo que ainda será confirmado ou não dentro da reavaliação. No final do ano passado, a Câmara Municipal aprovou a autorização para que a prefeitura realizasse operação de crédito de US$ 100 milhões, com a Cooperação Andina de Fomento (CAF) para realizar o Portais da Cidade. Baggio explica que o aproveitamento desse recurso depende dos novos estudos que estão sendo feitos. O investimento total no empreendimento é estimado em cerca de US$ 210 milhões.
O ex-secretário de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Clóvis Magalhães, previa que o novo sistema de transporte e mobilidade teria condições de começar a ser implantado no primeiro semestre de 2010. Já Baggio, devido à reavaliação do projeto, calcula que o início do complexo aconteça em 2011, com conclusão em 2013. "É um prazo possível de ser cumprido, se as decisões forem tomadas rapidamente", afirma o dirigente.
Dentro do projeto original, os ônibus procedentes dos bairros chegariam a grandes portais, nas imediações do Centro da cidade, onde os passageiros fariam uma transferência integrada para outros veículos. A localização desses terminais é criticada por alguns especialistas da área. "Do ponto de vista de circulação das pessoas e de benefício para o transporte coletivo, isso é pouco eficaz", diz o engenheiro de transportes Antonio Lovatto.
Para ele, os terminais seriam mais eficientes se deslocados para as periferias de Porto Alegre e até para a Região Metropolitana. Outro apontamento feito por Lovatto é que o projeto não permite o aumento das velocidades nos atuais corredores de ônibus, que hoje é de cerca de 20 quilômetros por hora. O especialista em Engenharia de Trânsito Mauri Panitz acrescenta que não há estudos alternativos ao projeto e se partiu da premissa de que os terminais deveriam ficar no Centro do município. "Mas, se fosse pensada outra forma, uma dispersão dos terminais, talvez nós tivéssemos soluções mais adequadas", sustenta Panitz. Ele argumenta ainda que os ônibus não precisam operar obrigatoriamente com um terminal central, podendo funcionar de forma circular.
O secretário municipal de Mobilidade Urbana e diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Luis Cappellari, relata que ainda não está definida a localização dos terminais e a partir da nova avaliação será apontado onde eles serão instalados. Ele afirma que será possível modificar a posição das estações, caso o estudo técnico determine essa opção. Cappellari espera que até dezembro sejam finalizados os levantamentos quanto à modelagem de operação do Portais da Cidade.
(JC-RS, 23/09/2010)