As áreas com uma única espécie de árvore plantada, como o eucalipto, continuam a aumentar em Portugal, o que afeta a biodiversidade e dificulta a resistência aos incêndios, alertou hoje um responsável da Quercus.
"Continuam a aumentar as monoculturas quando isso tem problemas em termos da afetação da biodiversidade, há menos espécies de animais e plantas onde existem monoculturas de árvores nomeadamente eucaliptais", disse à agência Lusa Domingos Patacho, a propósito do Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores, assinalado hoje.
"Também em termos da resistência ao fogo, à propagação dos incêndios, com povoamentos de árvores muito próximas umas das outras, quando entra um incêndio, é extremamente difícil de parar e combater", acrescentou.
No Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores, o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais volta a denunciar os graves impactes decorrentes das plantações em grande escala de eucaliptos, pinheiros e outras espécies, para salvaguarda das áreas de florestas tropicais naturais.
A Quercus juntou-se a outras organizações internacionais na promoção deste dia. "Achamos que não deverá haver monoculturas intensivas em vastas áreas como tem acontecido em Portugal", defendeu Domingos Patacho, para quem "devia ser promovido um melhor ordenamento".
A regulamentação para esta área diz que "não deve haver áreas em contínuo com mais de 50 hectares, o que quer dizer que um eucaliptal com 200 ou 300 hectares, como há alguns a ser plantados", deveriam ter talhões isolados por outras espécies mais resistentes ao fogo.
No entanto, "há câmaras em que o presidente é contra os eucaliptos e tenta impedir o avanço e há algumas plantações ilegais, outras vezes, os presidentes não se importam com a plantação das árvores porque acham que podem ter rendimento para o proprietários e não se importam de autorizar", referiu.
Segundo o novo Inventário Florestal Nacional, de 2005 e 2006, citado pela associação ambientalista, o eucalipto ocupa mais de 749 mil hectares em Portugal, tendo aumentado mais 10 por cento em relação a 1995, quando apresentava cerca de 672 mil hectares.
Os territórios de vários povos da África, Ásia e América Latina têm sido invadidos e apropriados por grandes empresas, nacionais e estrangeiras, para serem destinados à plantação de monoculturas de árvores em grande escala, com o intuito de produzir matéria-prima abundante e barata para diversas indústrias (celulose, madeira, energia, borracha), bem como para servir como "sumidouros" negociáveis no mercado de carbono, segundo a Quercus.
(Sapo.PT, 21/09/2010)