(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
água potável diagnóstico do saneamento programa de saneamento
2010-09-21 | Tatianaf

A ONU estima que quase 900 milhões de pessoas vivam sem água limpa e que 2,6 bilhões sem saneamento apropriado. A água, ingrediente básico da vida, está entre os assassinos mais prolíficos do mundo. Pelo menos 4 mil crianças morrem todos os dias por causa de doenças relacionadas à água. De fato, mais vidas foram perdidas depois da 2ª Guerra Mundial por causa da água contaminada do que por todos os tipos de violência e guerra.

Essa catástrofe humanitária vem inflamando há gerações. Precisamos impedi-la.

Reconhecer que o acesso à água potável e ao saneamento são um direito humano é crucial para a luta existente para salvar essas vidas; é uma ideia que chegou à maturidade. Ela foi proposta primeiro há uma década por organizações da sociedade civil, como a Cruz Vermelha Internacional, que eu ajudei a estabelecer em 1992. Hoje, é uma demanda ampla, apoiada por muitos governos e empresas. Esta é uma grande conquista.

[Leia na íntegra]Este mês, pela primeira vez, a Assembleia Geral da ONU está se preparando para votar uma resolução histórica declarando o direito humano à “água potável e segura e ao saneamento”. É uma oportunidade crucial.

Até agora, 190 países reconheceram – direta ou indiretamente – o direito humano à água potável e ao saneamento. Em 2007, líderes da região da Ásia-Pacífico reconheceram a água potável e o saneamento básico como direitos humanos e aspectos fundamentais da segurança. Em março, a União Europeia afirmou que todos os Estados devem aderir aos compromissos em direitos humanos em relação à água potável.

Nem todas as nações estão dentro, entretanto. Os Estados Unidos e o Canadá estão entre os poucos países que não abraçaram formalmente o direito à água potável. Sua relutância contínua em reconhecer o direito à água deveria ser questionada, pelo menos por seus próprios cidadãos. A estratégia de segurança nacional do presidente Barack Obama pede para promover os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável em todo o mundo; esse objetivo deve ser traduzido no apoio ao acesso à água como um direito humano.

Poucos outros países, como a Turquia e o Egito, também hesitaram em reconhecer formalmente o direito à água, principalmente por conta de questões de água relacionadas à fronteira. Entretanto, não é necessário um consenso global absoluto. A relutância de um punhado de países não pode desviar essa tendência de importância vital.

Reconhecer a água como um direito humano é um passo fundamental, mas não é uma solução mágica instantânea. Esse direito precisa ser preservado por leis nacionais, e garanti-lo deve ser uma alta prioridade.

Falhas em fornecer água e saneamento são falhas de governança. Reconhecer que a água é um direito humano não é meramente um ponto conceitual; isso diz respeito a fazer o que deve ser feito e de fato tornar a água limpa amplamente disponível. Precisamos esclarecer a obrigação dos governo de financiar e realizar projetos que ofereçam esses serviços àqueles que mais precisam deles.

Os países em desenvolvimento incorporaram o direito à água em sua legislação, como o Senegal e a África do Sul, e foram mais eficientes em fornecer água potável do que muitos de seus vizinhos.

Estatísticas recentes da ONU mostram que o mundo está no caminho para atingir, ou até ultrapassar, as Metas de Desenvolvimento do Milênio para reduzir pela metade o número de pessoas que não têm água potável até 2015. Isso deveria ser aplaudido. Mas 1 bilhão de pessoas ainda ficarão sem saneamento. Com as taxas atuais, algumas partes da África estão pelo menos um século atrasadas em fornecer água potável e saneamento para todos. Um “apartheid da água” se abateu sobre o mundo – separando os ricos dos pobres, incluídos dos excluídos. Os esforços para remediar esta disparidade estão falhando.

Expandir o acesso à água e ao saneamento abrirá muitos outros gargalos do desenvolvimento. A água e o saneamento são vitais para tudo, desde a educação até a saúde e o controle populacional. À medida que o crescimento populacional e a mudança climática aumentam a pressão por água e alimentos apropriados, a água se tornará cada vez mais uma questão de segurança. À medida que a temperatura global aumenta, “os refugiados da água” irão aumentar. A água toca tudo, e é necessária uma forte colaboração entre todos os setores da sociedade – governos, ativistas, fazendeiros, empresários e comunidades científicas – para aumentar sua disponibilidade.

Tornar o acesso à água e ao saneamento uma realidade diária é um bom negócio, e é bom para a economia mundial. De acordo com o Programa de Meio Ambiente da ONU, um investimento de US$ 20 milhões em tecnologias baratas para a água poderia ajudar 100 milhões de famílias de agricultores a escaparem da pobreza extrema. Dedicar US$ 15 bilhões por ano às metas de água e saneamento do milênio poderia render US$ 38 bilhões em benefícios econômicos globais. É uma taxa muito boa de retorno no clima financeiro atual. E está ao nosso alcance pela primeira vez.

Há uma tremenda vontade política e momento popular por trás do movimento para declarar formalmente a água potável e o saneamento como direitos humanos. Precisamos aproveitar esse momento e traduzir nosso entusiasmo em leis sólidas, coesas e ações nos níveis nacionais e internacionais – começando pela votação esperada na ONU este mês.

Fiquei contente, há algumas semanas, de ouvir o presidente Nicolas Sarkozy convocar o Fórum Mundial da Água em 2012 – a acontecer na cidade francesa de Marselha – para ser o canal para o reconhecimento internacional do direito universal à água potável e ao saneamento. Essa causa precisa de mais “defensores” – figuras públicas respeitadas e líderes de opinião que agem como embaixadores em todo o mundo.

As ações e vozes de milhões de cidadãos trouxeram o movimento global pelo direito à água até esse ponto. Espero que mais pessoas juntem-se a nós para nos ajudar a chegar mais perto do objetivo final – um mundo em que o direito de todos à água potável e ao saneamento não é apenas reconhecido, mas também exercido.

Tradução: Eloise De Vylder

Mikhail Gorbachov foi o último presidente da extinta União Soviética e um dos responsáveis pelo fim da guerra fria. Ambientalista, Gorbachov já foi agraciado com o prêmio Nobel da paz.

(New York Times, no UOL Notícias, EcoDebate, 20/09/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -