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política ambiental austrália mercado de carbono
2010-09-17 | Tatianaf

O presidente da gigante da mineração BHP Billiton, Marius Kloopers, afirmou nesta quarta-feira (15), durante um discurso em Sydnei, que a única maneira de reduzir as emissões no país seria através de um imposto de carbono. O anúncio, que surpreendeu principalmente os membros do Partido Verde, sempre críticos a indústria do carvão, se soma ao de outra grande companhia a AGL Energy, que fez a mesma sugestão no início da semana.
 
Segundo Kloppers, a BHP deseja uma transição gradual da situação de hoje para uma combinação de ações como a taxa de carbono, políticas ligadas ao uso da terra e um comércio limitado de emissões.
 
“Porém, os recursos adquiridos com tais ferramentas devem ser investidos em medidas que impeçam que as empresas australianas percam sua competitividade perante o mercado mundial”, detalhou Kloppers.
 
A decisão da BHP de apoiar uma taxa de carbono pegou de surpresa a primeira-ministra australiana Julia Gillard.
 
Gilliard reconheceu como bem vinda a postura das empresas, mas defendeu que é importante esperar o avanço das negociações climáticas na ONU e a próxima Conferência do Clima no final de novembro.
 
“Membros da comunidade de negócios, incluindo o senhor Kloppers, tem a tempos requisitado que o governo decida essa questão do preço do carbono, mas não podemos nos precipitar. Estamos trabalhando nesse sentido e a hora de decidir por uma taxa ou não está próxima”, declarou Gilliard.

Permissões
A primeira-ministra e o Partido Trabalhista sempre preferiram a criação de um mercado de carbono ao invés de um imposto sobre emissões.

Com a taxa, poluidores pagariam um preço determinado pelo governo para cada tonelada de carbono emitida. Mas de acordo com o esquema proposto pelos trabalhistas, as empresas comprariam e venderiam permissões para emitir, com os preços sendo determinados pela oferta e demanda.

Porém a primeira-ministra ainda não desconsiderou totalmente a possibilidade de adotar a taxa de carbono. A decisão de escolher qual o melhor modelo para reduzir as emissões na Austrália caberá a um comitê formado por representantes de vários partidos que deve se reunir em 2012.

Para Kloppers essa espera pode custar caro para o país e a postura australiana deveria ser consolidada antes de qualquer acordo internacional.

“Nós acreditamos que eventualmente o tratado global será alcançado e a Austrália deveria agir a frente dele para conseguir manter a competitividade de sua indústria”, resumiu o empresário.

A Austrália é o maior emissor per capita de gases do efeito estufa do planeta, devido a sua dependência do carvão para gerar energia e de sua extensa pecuária, responsável pela emissão de bilhões de toneladas de metano.

Há anos os setores políticos e empresariais vem debatendo qual o melhor caminho para o país sem chegar a um consenso. Essa novela pode estar perto do fim, já que nas últimas eleições o Partido Verde saiu bastante fortalecido e agora com o insólito apoio das grandes indústrias talvez consiga aprovar a taxa para o carbono que sempre defendeu.

(Por Fabiano Ávila, Carbono Brasil, 17/09/2010)


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