A cidade de Dom Feliciano, no interior do Rio Grande do Sul, deve receber cerca de R$ 300 mil em outubro para a diversificação da agricultura. Um dos principais produtores de fumo do Estado, o município vai servir de exemplo para o país na substituição do tabaco por outras culturas.
O município está servindo de modelo para os programas que o governo federal pretende implantar em outras cidades produtoras de fumo. O Brasil vai diminuir o cultivo de tabaco para atender a uma determinação da Organização Mundial da Saúde. A intenção é desestimular o consumo de cigarros.
Cerca de 90% da economia agrícola da cidade gaúcha depende do fumo, mas 40% dos pequenos produtores estão endividados, e muitos dispostos a mudar. Quem apostou na produção de frutas e hortaliças já tem mercado garantido.
— 30% da merenda escolar tem que vir da agricultura familiar. Nós pretendemos atender justamente esse mercado: produzir hortaliças pra abastecer e ter as próprias prefeituras como nossas clientes — diz o prefeito local, Clenio Boeira da Silva.
Em outubro, o município receberá R$ 299 mil do Ministério do Desenvolvimento Agrário para a instalação de aviários.
— O objetivo é implementar ações de produção sustentável, através da avicultura colonial, como alternativa à cultura do fumo, e desenvolver um trabalho de assistência técnica e extensão rural — diz Adriana Gregolin, do Programa de Diversificação das Áreas Cultivadas com Tabaco do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Entretanto, a preocupação não é apenas garantir mercado às culturas alternativas ao tabaco. A ideia é cuidar da saúde dos agricultores. Até o primeiro semestre do ano que vem, o Ministério da Saúde deve implantar uma rede de tratamento aos fumantes. Não é por acaso que, em Dom Feliciano, a maior parte deles está na Zona Rural.
Dos 15 mil habitantes, 12 mil vivem no campo. São 2,5 mil famílias tirando o sustento do fumo. É uma atividade que, segundo o Ministério da Saúde, pode causar depressão, intoxicação por nicotina e levar até ao suicídio - devido ao alto índice de agrotóxicos usados no cultivo.
— No próximo ano, ainda no primeiro semestre, o município vai poder tratar seus fumantes. Os postos de saúde, as clínicas, os hospitais da região vão poder oferecer esse tratamento — diz a coordenadora do Programa de Controle do Tabagismo do Ministério da Saúde, Valéria Cunha.
(Por Letícia de Oliveira, Canal Rural, 16/09/2010)