Três cientistas chineses colocaram recentemente a bandeira de seu país no fundo do Mar do Sul da China utilizando um pequeno submersível que atingiu a profundidade aproximada de 3,2 km.
Com isso, enviaram um recado ao mundo sobre as intenções de Pequim no que se refere a assumir a liderança internacional da tecnologia necessária para a exploração de áreas remotas e, até o presente, inacessíveis do “terreno” a essa profundidade.
Um feito puramente científico? Nada disso! Aí se encontram imensos recursos minerais, petroleiros e outros que os chineses pretendem explorar. Além disso, no fundo dos oceanos encontram-se instalações e objetos de interesse para os serviços de inteligência que incluem desde cabos de comunicação até submarinos afundados, armas nucleares perdidas e centenas de sistema de direcionamento de mísseis usados em testes.
Ainda que o pequeno submarino não seja suficiente para fazer tais explorações, os especialistas afirmam que com o feito a China realmente coloca-se numa excelente posição para buscar os recursos existentes no fundo dos oceanos.
O submersível – que recebeu o nome de Jiaolong, numa referência a um dragão marinho mitológico – resultou de oito anos de trabalho conduzido de maneira totalmente secreta. Ele está concebido para atingir uma profundidade de 7 km, permitindo o acesso a 99,8% do terreno no fundo dos oceanos. O equipamento chinês pode ultrapassar, assim, o recorde do Japão, atingido com o submarino Shinkai, que atingiu a profundidade de 6,5 km. A Rússia, a França e os Estados Unidos estão muito menos avançados no que se refere ao desenvolvimento de submersíveis capazes de atingir tais profundidades.
A colocação da bandeira da China foi um gesto simbólico equivalente ao da Rússia quando, no verão de 2007, fez o mesmo abaixo da camada de gelo do pólo Norte, permitindo aos seus cientistas afirmarem, na volta à superfície, que haviam contribuído para fortalecer a demanda de seu país por direitos de exploração em quase metade do Ártico.
O vice-ministro chinês de ciência e tecnologia declarou que os avanços nos testes do submersível Jiaolong têm grande importância para a China e para a exploração global dos recursos de valor econômico que podem ser encontrados no fundo dos oceanos. Pelo menos um cientista sênior – um professor do Centro Chinês de Pesquisa Científica de Embarcações declarou que há nisso tudo mais propaganda do que resultados efetivos.
De toda forma, o feito chinês no mundo carregado de simbologia dos submersíveis de grande profundidade se deu no quadro de um conjunto de avanços tecnológicos voltados para o rápido desenvolvimento da economia do país, que incluem supercomputadores e jatos de grandes dimensões.
Para a construção de seu submersível, a China encomendou, na Rússia, a cabine principal – com mais de dois metros de espessura – e, nos EUA, componentes de alta tecnologia como equipamentos de iluminação e filmagem, além daqueles necessários para a movimentação dos “braços” que permitem a operação externa. Além disso, a China comprou “tempo” no mais conhecido submersível dos EUA, o Alvin, que já atingiu milhares de vezes a profundidade de 4.5 km, informaram membros do Comitê Científico de Grandes Profundidades, um grupo que assessora o governo norte-americano e as universidades em assuntos nesse domínio. Em 2005, cinco pilotos e um cientista chinês participaram de oito “mergulhos” do Alvin.
O projeto chinês prevê que em 2011 o Jiaolong atingirá a profundidade de 5 km e em 2012 a profundidade máxima para a qual foi feito – 6,5 km.
*Nota da redação da REBIA – Informações baseadas em reportagem do New York Times assinado por William Broad. Essa é a “natureza” do ser humano: tentar atingir o maior número possível de “nichos ambientais”.
(Portal do Meio Ambiente, Envolverde, 15/09/2010)