Em plena floresta amazônica, perto da divisa entre Mato Grosso e Rondônia, uma reserva indígena é invadida e devastada por madeireiros.
São milhares de árvores derrubadas ilegalmente. A madeira nobre serve para abastecer um comércio, segundo a polícia, mais lucrativo que o tráfico de drogas.
Fiscais do Ibama, agentes da Polícia Federal e PMs da Força Nacional de Segurança ocuparam a Terra Indígena de Serra Morena, em Juína (MT). Eles destruíram os acampamentos dos madeireiros.
"Para evitar que essas pessoas retornem, nós destruímos todos os acampamentos deles", explica a capitã Renata Alves, da Força Nacional de Segurança.
Uma ação que contou com o apoio das principais lideranças dos índios cinta larga, que durante anos autorizaram a entrada de madeireiros na reserva. Os índios vendiam a madeira a preços bem abaixo do mercado.
“Vendia por R$ 80 o metro de mogno, cerejeira, o ipê", diz o cacique Joaquim Cinta Larga. A atividade predatória acabou com as madeira nobre. Mas o comércio ilegal não foi interrompido.
" Hoje a madeira mais fraca sai por R$ 35, R$ 25", diz o cacique.
Parte da terra indígena foi toda devastada. Os invasores abriraram estradas. A velha castanheira - cujo corte é considerado crime ambiental - agora serve de ponte. Para tornar a atividade mais lucrativa, até uma uma serraria móvel foi montada no meio da floresta.
As toras eram cortadas lá mesmo, a madeira já semibeneficiada era transportada para empresas que compram e vendem a carga ilegal.
Os agentes do governo desmontaram o equipamento. Também foram apreendidos tratores, caminhões.
Árvores centenárias foram derrubadas sem qualquer autorização dos órgãos ambientais. Esta área dentro da terra indígena fica a menos de 100 km de um dos principais pólos madeireiros da região. E, segundo a Polícia Federal, estas toras são transportadas com documentação falsa, para enganar a fiscalização.
“Vem da reserva indígena, mas na realidade calçada numa guia florestal de plano de manejo que fica na volta. Os índios são ludibriados, a madeira é comprada por preços irrisórios, diz o delegado Mauro Luis Vieira, da PF, que acrescenta que a atividade no local é mais lucrativa que o tráfico de cocaína.
(Globo Amazônia, com informações do Globo Rural, 14/09/2010)