(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
apps loteamentos irregulares danos ambientais
2010-09-15 | Tatianaf

As consequências causadas pelo desrespeito ao meio ambiente prejudicam a natureza e o próprio ser humano, mas falta muito para as pessoas conviverem com responsabilidade e respeito ao próximo e demais seres vivos. Militante do Grupo Ecológico Sentinela dos Pampas, Gesp, a bióloga Adriane Deon conta que é comum em Passo Fundo, No norte do Rio Grande do Sul, a canalização de córregos devido à transformação dos mesmos em canal de esgoto e lixão, bem como o despejo de dejetos e resíduos em banhados e áreas de nascentes.

Empresas imobiliárias ou pessoas físicas aterram esses ecossistemas para transformá-los em loteamentos urbanos, com ou sem licença, em desrespeito às Áreas de Preservação Permanente, as APP’s. Estas ocupações são causa de problemas de assoreamento dos rios e impermeabilização e erosão do solo, que contribuem para eventos extremos como enchentes e alagamentos.

APPs em área urbana ou área urbana em APP’s?
A especulação imobiliária associada à falta ou ineficiência de políticas públicas de gestão da expansão urbana e a falta de fiscalização empurram as camadas mais pobres da sociedade para áreas irregulares e de ocupação ilegal. Ocorre, dessa forma, a expansão de favelas e loteamentos irregulares, onde, além da precariedade da infra-estrutura (rede de água e esgoto, coleta de lixo, iluminação pública, calçamento de ruas, praças, entre outros fatores) e serviços públicos (postos de saúde e escolas, por exemplo), grande parcela da população convive com graves problemas socioambientais. Em especial, como quando da ocupação de APP’s, que ocorre ao longo de rios, em áreas úmidas como banhados e nas proximidades de nascentes, córregos e barragens de captação de água, em terrenos com grande declividade e topos de morros, entre outros.

Conforme a bióloga ambientalista, o Gesp recebe muitas denúncias de agressões em áreas de preservação permanente, sobre as quais, após realizar uma vistoria e coleta de dados, encaminha as informações ao Ministério Público Estadual, MPE. Dentre as denúncias, está um caso antigo, relativo a dano ambiental que vem ocorrendo na área do Bosque Lucas Araújo.

Nesta área, onde residem famílias de média e alta rendas, existem áreas úmidas e nascentes que formam olhos-d’água que deságuam no Arroio São Roque - tributário da Bacia Hidrográfica do Rio Jacuí - e que também vêm sendo agredidas com a deposição de lixo. Os fatos envolvem agressão em área de preservação permanente, APP, neste bairro cujo nome revela ser a área um fragmento representativo de Mata Atlântica existente na cidade de Passo Fundo e que merece especial atenção das autoridades e órgãos fiscalizadores.

Invasões
O Gesp, informa Adriane Deon, já encaminhou ao MPE denúncias também de invasão de APPs por famílias de baixa renda, com o aval do poder público. Um dos casos é o da Vila Bom Jesus, cuja renda provém da coleta de material reciclável. A área foi um ecossistema de banhado consistente, com vegetação característica, que tinha a presença de espécies da fauna local e recursos hídricos com pequenas nascentes e arroios.

Foi feito arruamento com deposição de asfalto e sistema de drenagem das águas superficiais ao lado de um ecossistema úmido, sendo o local considerado pela legislação vigente área de preservação permanente. Para ocorrer a intervenção em uma APP, explica Adriana, é necessário ser feito um parecer do órgão Estadual responsável, desde que se tenha uma utilidade pública para este. No local não se encontra nenhuma moradia a ser beneficiada pela rua, tanto que esta não tem saída.

Contudo, um dos casos que mais chamou a atenção dos ambientalistas, em Passo Fundo, foi a denúncia que o Gesp recebeu sobre as atividades que estão acontecendo na área onde está projetado o Conjunto Habitacional Par Planaltina. A bióloga explica que a área em questão encontra-se junto a um fragmento de Floresta Ombrófila Mista pertencente ao Bioma Mata Atlântica, incluindo vários exemplares de Araucária (Araucaria angustifólia), associado a uma área de campo nativo sulino, possuindo vegetação e fauna característica para ambos os ecossistemas.

Desta forma, trata-se de uma área nobre em recursos hídricos, contando com nascentes e um córrego que, inclusive, já tem uma parte canalizada devido às residências existentes no local. “Este córrego é tributário do Arroio São Roque, pertencente à Bacia do Alto Jacuí, e as obras do empreendimento habitacional provocaram impacto e degradação em APP. Houve supressão da vegetação e deposição de resíduos da terraplanagem num raio que varia de 15 a 28 metros de extensão, abrangendo a demarcação das estacas até a borda do fragmento.", disse Adriana Deon. "A demarcação do talude invade a APP em aproximadamente sete metros, estando a apenas 23 metros do córrego."

Segundo ela, a demarcação do talude avança 16 metros adentro do que a legislação vigente permite quanto a nascentes e olhos-d’água (que é de 50 metros), estando este a apenas 34 metros. "E ainda, agravando a situação, existe depósito de resíduos da terraplanagem a apenas oito metros do olho-d’água,”, disse a bióloga, descrevendo a dramática situação no Conjunto Habitacional.

♦Realizado nos dias 20 e 21 de agosto, em Porto Alegre, o curso de Jornalismo Ambiental promovido pelo Núcleo dos Ecojornalistas, NEJ-RS, teve como palestrantes  os professores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Antunes (Mestre em Comunicação Social) e Rualdo Menegat (Doutor em Ciências), que abordou o tema Cegueira e civilização, onde está a natureza?, além do jornalista Hernán Sorhuet, colunista do jornal uruguaio El Pais, que palestrou sobre o tema Desafios da cobertura jornalística dos temas ambientais.

(Por Verônica Daniela Conceição, jornalista participante do Curso de Jornalismo Ambiental NEJ-RS, EcoAgência, 14/09/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -