O javali, um animal de origem européia que invadiu o país via países vizinhos e criadores ilegais, tem desafiado muitos proprietários rurais e suas comunidades onde a população rural se sente ameaçada por estas feras, em MG uma pessoa já morreu e corre-se o risco de ser só o primeiro caso1.
Este animal foi introduzido nos países vizinhos bem como em outros continentes com objetivo de promover a caça esportiva, o problema é que devido à falta de predadores naturais ao cruzamento com espécies comerciais de porco, o que lhes conferiu maior eficiência alimentar, grande aumento de peso e as altas taxas reprodutivas, que transformaram esta praga em uma fera enorme e sem controle, no Brasil já foram abatidos animais de mais de 200 kg.
Em todos os países onde este animal foi introduzido ou mesmo é nativo é considerada uma praga, na Alemanha um país que já passou por duas guerras mundiais, os mesmos animais invadiram até a capital Berlim onde em 2008 foram mortos 3000 animais, sendo 500 no centro da cidade e em novembro deste ano um morador morreu devido aos ferimentos provocados por um javali.2
Nos EUA é conhecida como “Pig Bomb3” a explosão populacional mundial dos javalis e seus híbridos soltos asselvajados, conhecidos também como javaporcos aqui ou “feral hogs” por lá, estima-se que estes animais causem danos da ordem de US$ 800 milhões na produção de commodities agrícolas4, destruindo plantações, recursos naturais ou mesmo comendo pequenos animais. Por todo o país a relatos de ataques de javalis inclusive casos fatais, o que tem causado o combate incessante uma vez que devido sua alta taxa de reprodução, que possibilita dobrar a população a cada quatro meses5, os órgãos de extensão descobriram que mesmo com o abate ou captura anual de até 70% dos animais ainda não conseguiriam reduzir a sua população. Por lá dizem que eles destroem as plantações e o meio ambiente “comendo como porcos, mas se reproduzindo como ratos”. Em casos extremos são contratados serviços de captura, remoção e abate ao custo médio de USD 230 ou cerca de R$ 400,00 por animal.
No Brasil a situação é ainda mais delicada, pois ameaça o pilar de nossa economia que é o agronegócio por meio de destruição de cultivos e ameaça de transmissão de doenças aos rebanhos e ao ser humano, uma das ameaças é a disseminação de aftosa e leptospirose o que poderia causar embargos comerciais e incalculáveis prejuízos financeiros ao país. O Último foco de aftosa no RS em 2000 levou ao sacrifício de 11 mil animais6, o embargo devido ao ultimo foco surgido no MS levou a um prejuízo estimado em R$ 1,7 bilhões7 mostrando que há muitas empresas, empregos, pessoas e famílias em jogo para correr o risco de conviver com estes animais.
No entanto o IBAMA proibiu a caça destes animais, que entraram pelo Sul do país e estão dia a dia avançando, já estando presentes no PR, SP, MG e até no MT. Ao invés de proibir o governo deveria liberar totalmente o abate deste animal exógeno, invasor e declaradamente nocivo, permitindo o controle destes animais pela população, como legalmente é feito com os ratos, que também são mamíferos exógena, invasores e nocivos pois causam danos econômicos, ambientais e transmitem doenças, no entanto não é necessária nenhuma licença de caça ou autorização legal para controlá-los simplesmente porque são considerados animais NOCIVOS para fins legais.
Enfim, o IBAMA se encontra agora decidindo o futuro do controle desta praga em solo nacional e a sugestão para este problema complexo é bastante simples,bastaria publicar uma Instrução Normativa com a primeira lista de animais exógenos, invasores e nocivos do país, sendo assim como os ratos, passíveis de controle por pessoas físicas ou jurídicas devidamente habilitadas para tal atividade, sem a necessidade de autorização do órgão ambiental competente.
Por lei o abate de animais nocivos não é crime, pois são animais que interagem de forma negativa com a população humana, causando-lhe transtornos significativos de ordem econômica ou ambiental, ou que represente riscos à saúde pública, nesta lista poderiam entrar não só o Javali, mas todas as espécies da lista nacional de espécies invasoras8 e exógenas, como o pombo doméstico (transmissor de mais de 50 doenças), pardais, os búfalos do Guaporé em Rondônia, e demais seres que tanto mal tem causado ao nosso meio ambiente, economia e saúde pública.
(Portal MS, 14/09/2010)