A Corporação Andina de Fomento (CAF) considera que as políticas que permitiram ao Brasil reduzir o desmatamento na Amazônia são um "exemplo a seguir" pelo resto da América Latina, afirmaram nesta terça-feira fontes desse organismo.
"A experiência do Brasil marca uma pauta bem-sucedida no sentido de para onde se deve avançar" no combate ao desmatamento, declarou o venezuelano Luis Enrique Berrizbeitia, vice-presidente executivo da CAF, ao abrir um seminário sobre meio ambiente em Brasília.
Berrizbeitia explicou que a CAF se propôs a "servir como uma plataforma para o diálogo" entre os países da América Latina e do Caribe em matéria de meio ambiente, já que o tema representa "um dos maiores desafios para a região" nos próximos anos.
A CAF, que tem sua sede permanente em Caracas, é formada por 18 países da América Latina, Caribe e Europa e por 14 bancos privados.
Segundo dados das Nações Unidas apresentados na abertura do seminário, a superfície de florestas em Ásia Central aumentou em 3,8 milhões de hectares entre 2000 e 2005, enquanto, nesse mesmo período, na América Latina se reduziu em 4,7 milhões de hectares.
"Contra a tendência geral, o Brasil transitou por um caminho diferente e conseguiu importantes conquistas na redução da taxa anual de desmatamento, que se reduziu de 2,7 milhões de hectares em 2004 para 740 mil hectares em 2009".
Segundo Berrizbeitia, essas "políticas bem-sucedidas" desenvolvidas pelo Governo brasileiro podem ser o ponto de partida para o diálogo proposto pela CAF, que deve servir para "compartilhar e conhecer tanto as boas como as más experiências".
No primeiro dia do seminário, que termina amanhã e que conta com a participação de representantes de todos os países amazônicos, houve discurso da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, quem apresentou as políticas desenvolvidas no Brasil.
Ela indicou que o cuidado da Amazônia não depende apenas de um país e pediu às outras nações da região que busquem uma "maior convergência de ações, tanto entre os setores públicos como entre os privados".
A ministra afirmou que, no atual contexto de mudança climática, a América Latina "é estratégica para o planeta", pois possui aquela que é considerada "a maior biodiversidade" do mundo e cerca de 20% das reservas de água doce.
Nesse sentido, apontou que o modelo proposto pelo Brasil procura um equilíbrio entre "conversa e desenvolvimento", que inclui modelos sustentáveis de geração de energia por meio de hidrelétricas e outras fontes pouco agressivas ao meio ambiente.
No caso do Brasil, Izabella sustentou que o país "tem a obrigação" de chegar a esse equilíbrio, não só por responsabilidade em termos do meio ambiente, mas também porque na Amazônia brasileira vivem "25 milhões de pessoas que não podem ser relegadas do progresso".
(Efe, 14/09/2010)