Eles perderam braços, pernas e pés, mas apesar disso, nove sobreviventes de ataques de tubarão aderiram a uma campanha para sensibilizar as pessoas para o risco que os maiores predadores dos oceanos correm em virtude da ação do homem.
Os sobreviventes se reuniram na segunda-feira (13), na sede da ONU, em Nova York, para dizer ao mundo que seus agressores, como o grande tubarão branco, precisam de proteção urgente.
Paul de Gelder, mergulhador da Marinha australiana, que teve a mão e parte da perna direitas arrancadas no ano passado por um tubarão perto da baía de Sydney, explicou que estava ali para "dar voz a um animal que não podia fazê-lo".
A pesca intensiva está empurrando algumas espécies à beira da extinção, com 73 milhões de tubarões mortos anualmente só para a retirada de suas barbatanas, uma prática conhecida como "finning".
"Estamos dizimando a população de tubarões por uma tijela de sopa, apenas", contou Gelder.
O Pew Environment Group, uma organização sediada em Washington e que levou os sobreviventes para a ONU, informou que 30% das espécies de tubarão estão ameaçadas ou à beira da extinção, enquanto se desconhece o destino de 47%.
Cientistas alegam que exterminar os tubarões, que ocupam o topo da cadeia alimentar dos oceanos, criaria um efeito em espiral destrutivo para o ecossistema marinho.
Por exemplo: os tubarões se alimentam de aves marinhas. Um declínio na população de tubarões significaria, assim, um aumento do número de aves marinhas que comem peixes que são a base alimentar do atum, outra espécie ameaçada.
Outro exemplo seria o colapso gradativo da vida nos arrecifes de coral, uma vez que a remoção do principal predador, provocaria desequilíbrio no ecossistema.
"As consequências para o ecossistema do oceano são muito amplas", explicou Matt Rand, diretor do programa de preservação de tubarões do instituto Pew.
A instituição pressiona para por um ponto final ao "finning" --modalidade de pesca em que se retira apenas a barbatana do tubarão e o peixe é devolvido, agonizante, ao mar--, e por um endurecimento das normas para sua caça em todo o mundo.
(Folha.com, 14/09/2010)