Ameaçada pelo desmatamento, a sustentabilidade do bioma Cerrado – cujo Dia Nacional é comemorado neste sábado, dia 11 – depende da implementação de políticas públicas específicas para a região. Para subsidiar com informações a decisão de gestores públicos, a Embrapa Cerrados – Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – inicia neste ano um novo estudo em rede, que vai reunir mais de 40 pesquisadores de diversas áreas do conhecimento.
Entre as ações governamentais que o projeto pode respaldar está o zoneamento ecológico e econômico para a região, importante ferramenta de ordenamento territorial que enfoca o que o meio ambiente pode oferecer.
O novo estudo deve estabelecer modelos e indicadores sobre as condições ambientais atuais do bioma, que ocupa cerca de 25% do território brasileiro. Com o nome de GeoCerrado, o projeto vai avaliar de forma específica seis ecorregiões dentro do bioma: Planalto Central, Oeste baiano, Sudoeste goiano, alto Rio Pardo, depressão do médio Araguaia e a região de Sinop (MT). Segundo a coordenadora do projeto e pesquisadora da Embrapa Cerrados, Adriana Reatto, as áreas são vértices de expansão da agricultura e, por isso mesmo, locais em que as políticas públicas podem nortear e subsidiar o uso racional e sustentável do bioma.
A pesquisa envolve vários aspectos, como a cobertura vegetal, o uso da terra e a caracterização do solo e dos recursos hídricos (quantidade e qualidade da água).
— Com a integração dessas informações serão gerados indicadores geoambientais, que apontam a fragilidade ou a potencialidade de cada local específico — explica Adriana.
Os dados poderão ser usados para o governo conhecer dois tipos de realidades que demandam diferentes políticas públicas – tanto as regiões que ainda não produzem com sustentabilidade, quanto as que já trabalham com a preocupação ambiental e, por isso, podem receber incentivos.
Para gerar os indicadores, os estudos comparativos vão avaliar espaços de matas nativas e os já ocupados pelo homem. Em uma segunda fase do projeto, os serviços ambientais – que são os benefícios que o ser humano pode obter de um ecossistema – serão valorados economicamente.
— Vamos caracterizar o potencial que as áreas em estudo têm para prestar esses serviços — explica a pesquisadora. Além de levantar mais dados, o projeto vai sistematizar os já estudados.
— É um desafio, pois há muitas informações que estão dispersas e precisam ser integradas — afirma.
Outras pesquisas
Ao longo de 35 anos de sua história, a Embrapa Cerrados tem levantado informações importantes para o conhecimento e preservação do bioma Cerrado. Os estudos são feitos em diversas áreas do conhecimento e envolvem desde a caracterização biológica e a domesticação de espécies nativas até levantamentos da hidrologia e de solos, da ecologia, da recuperação de áreas degradadas, da geologia, entre outros aspectos.
(Canal Rural, 11/09/2010)