A sanção presidencial em agosto da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que regulamenta a gestão do lixo no país, já movimenta os negócios ligados à reciclagem de eletrodomésticos, como geladeiras e aparelhos de ar-condicionado. Foi inaugurada em Cabreúva, a 78 quilômetros de São Paulo, a Indústria Fox, empresa que vai atuar na manufatura reversa - a desmontagem dos aparelhos antigos e a reciclagem dos componentes.
A fábrica, que faz parte de um grupo suíço, recebeu investimento de R$ 20 milhões e utilizará tecnologia inédita para tratar os gases CFCs e HCFCs dos refrigeradores antigos: em vez de incinerá-los, como é feito na maior parte dos países europeus, a indústria vai tratar esses gases em um processo térmico que quebra as moléculas. Esses gases são causadores do buraco na camada de ozônio e agravam o aquecimento global. "Essa é a novidade que estamos trazendo ao Brasil e deve evitar que esses gases, altamente poluentes, sejam lançados na atmosfera, como vem sendo feito até então", diz Philipp Bohr, diretor-geral da Indústria Fox.
Segundo Bohr, o primeiro passo das etapas de reciclagem é a retirada dos gases CFCs, que são transformados em uma solução ácida que pode ser reaproveitada pela indústria química. A fase seguinte é a trituração, onde os aparelhos antigos são moídos e os metais - alumínio, aço e cobre - são separados e depois podem ser reaproveitados. O executivo calcula que só no estado de São Paulo existem cerca de 1 milhão de geladeiras descartadas, em ferros-velhos e na casa dos consumidores. O desafio agora é fazer com que elas cheguem à reciclagem e, para isso, a empresa está estruturando um sistema de coleta. "Vamos ter uma rede de postos de recolhimento", conclui Bohr.
(Correio do Povo, 13/09/2010)