O que aconteceria se a Terra parasse seu rimo de expansão e nenhuma nova usina ou veículo capaz de emitir carbono fossem construídos? Ainda assim, a temperatura do planeta aumentaria 1,3°C, até 2060, em relação ao período pré-industrial.
A conclusão é de pesquisadores dos EUA, que fizeram um dos mais detalhados levantamentos sobre emissões de carbono ligadas à geração de energia e à estrutura de transportes. O material foi publicado na revista "Science" de ontem.
O planeta vai esquentar, mas para os os cientistas ele ainda não chegou ao patamar de aquecimento e emissões em que as consequências se tornam irreversíveis.
O aumento de 1,3°C em relação ao período anterior à revolução industrial --cerca de 0,5°C a mais que hoje-- foi considerado até modesto pelos pesquisadores, que esperavam crescimento de pelo menos 2°C.
A concentração de carbono na atmosfera, no mesmo período, deve ficar em 430 ppm (partes por milhão), valor também abaixo do que era esperado inicialmente pelos pesquisadores.
"Esse resultado nos surpreendeu", afirmou Steven Davis, da Instituição Carnegie para a Ciência, que chefiou o trabalho.
PIOR NO FUTURO
Segundo ele, porém, não há motivos para comemorar. Os resultados indicam que as principais ameaças ao planeta ainda estão por vir, devido ao sistema de geração de energia e transportes que são muito dependentes de combustíveis fósseis.
"É importante que nós façamos a coisa certa agora. Ou seja, construir tecnologias que gerem energia com baixa emissão de carbono", disse Ken Caldeira, também do Carnegie e autor do trabalho.
Para chegar ao resultado, os cientistas fizeram um levantamento sobre todas as usinas geradoras de energia em operação no mundo. Eles também estimaram as emissões do sistema global de transportes, que tem dois terços das operações com combustíveis fósseis.
Modelos computadorizados, que simulavam os cenários de emissão previstos pelo IPCC (painel de mudanças climáticas da ONU), chegaram às conclusões.
Por conta da forte presença de termelétricas, a maior parte das emissões se concentra nos EUA, Europa Ocidental e China.
A vida útil média das unidades movidas a carvão é de 40 anos. As usinas chinesas, por serem mais novas, têm potencial para poluírem por mais tempo.
(Por Giuliana Miranda, Folha.com, 11/09/2010)