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alimentos e produtos orgânicos
2010-09-10 | Tatianaf

Veera Narayana decidiu plantar melancia em sua pequena propriedade. Para isso preparou a árida terra vermelha e colocou fogo nos sulcos. Este produtor indiano explicou que, arando a terra, as larvas ficam expostas ao calor do sol, enquanto o fogo age como pesticida. Também vai misturar sementes de nim (árvore originária da Índia e da Birmânia) com pimenta verde, pasta de alho e querosene, uma combinação que serve para proteger as plantas de doenças, explicou.

Além disso, usa uma pasta feita com esterco de vaca e “jaggery” (nome indiano para a forma natural do açúcar, que pode ser consumido e também serve para pegar insetos), bem como pó de nim fermentado em urina de vaca. “Sem dúvida, é mais fácil abrir uma lata de pesticida químico misturado proporcionalmente com água, derramar e pronto”, disse Veera.

Desde que este agricultor de 42 anos decidiu que toda sua produção seria orgânica, deixou de armazenar pesticidas, e agora passa horas misturando beberagens tradicionais com ingredientes que pode encontrar em seu próprio terreno. A produção de Veera não contém os tóxicos encontrados em cultivos tratados com pesticidas químicos. E não se trata de uma decisão isolada.

Cada vez mais consumidores indianos optam por alimentos orgânicos em busca de uma vida mais sadia, e por isso muitos produtores procuram adotar métodos mais saudáveis para o meio ambiente e para seus próprios corpos. Os benefícios do cultivo orgânico são bastante claros. Em primeiro lugar, os pesticidas orgânicos não matam as larvas da terra e outros insetos que favorecem as plantações. Por outro lado, mantêm a superfície macia e absorvente, bem como livre de toxinas que acabam contaminando os recursos hídricos e a própria produção.

Os químicos também podem causar problemas respiratórios e de pele nos produtores. Entretanto, como em outros casos, não é fácil romper os hábitos, mesmo que sejam prejudiciais. Os agricultores indianos tiveram de esperar o desenvolvimento de um mercado de alimentos orgânicos antes mesmo de considerar a mudança dos métodos de cultivo que herdaram de seus avós.

Aparna Kumar, dona de uma loja que vende alimentos orgânicos pela Internet, chamada Adi Naturals, com sede na cidade de Bangalore, disse que chegou o momento. Há apenas cinco anos, ela e sua cunhada tinham que dar de presente os produtos orgânicos que não conseguiam vender. Hoje, ainda administra seu negócio da garagem de casa, mas as vendas subiram astronomicamente. “Em todo o ano de 2009, o faturamento da Adi Naturals foi de US$ 650. E este ano, apenas nos últimos seis meses, já se aproxima dos US$ 8,7 mil”, afirmou.

Embora tenha experimentado um crescimento de 200% nos últimos anos, o mercado indiano de produtos orgânicos ainda está engatinhando. Por isso, os produtores ainda não se voltaram maciçamente para a agricultura sem químicos. Naturalmente, alguns, como Veera, se animam a mudar. Embora ele trabalhe sozinho, outros optam por se associar, como os que formam a Sociedade Cooperativa de Ajuda Mútua Dharani para a Agricultura e o Mercado.

Esta é uma das maiores cooperativas da Índia e uma das fornecedoras de Aparna. Com apoio da organização não governamental Coletivo Timbaktu, no Estado de Andhra Pradesh, produz milho, legumes e colza oleaginosa. A cooperativa tem 1.214 hectares destinados a plantações orgânicas em Anantapur, a segunda área do país mais afetada pelas secas.

Os 860 pequenos produtores que a integram estão decididos a restabelecer práticas tradicionais, ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis em sua seca região, onde as monoculturas e o excesso de aditivos químicos deixaram as terras estéreis e os agricultores sem renda. Segundo o presidente da Sociedade Dharani, B. C. Bommali, suas vendas dispararam. Só no ano passado, somaram US$ 28 mil, e neste ano os produtores já fizeram negócios no valor de US$ 72 mil, afirmou.

Cerca de 300 agricultores aguardam sua vez de entrar na Cooperativa, dispostos a dividir os gastos, que não são poucos. Por exemplo, a produção orgânica tem uma vida útil menor do que a tratada com produtos químicos. Isso se traduz em maior possibilidade de perdas, que só podem ser reduzidas mediante uma rede de comercialização rápida como a fornecida pela Sociedade Dharani.

Além disso, como disse o chefe-executivo da Cooperativa, Brahmeshwar Rao, “a certificação institucional para os produtos orgânicos também é cara para o pequeno produtor, mas os consumidores a exigem”. Porém, a Cooperativa opta por um sistema menos caro de certificação que se baseia na inspeção feita pelos próprios agricultores. Nos primeiros três anos, a produção de um agricultor é tratada como “em fase de conversão orgânica”. A partir do quarto ano, recebe a certificação orgânica.

Veera disse que a agricultura sem substâncias químicas é mais intensiva e exigente. E, até agora, os resultados econômicos mostram que vale a pena. Sua terra produziu um caminhão inteiro de melancias. Vendeu toda a carga por US$ 1 mil. Para cultivá-las, investiu apenas US$ 130.

(Por Manipadma Jena, da IPS, Envolverde, 10/9/2010)


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