Mais de 300 pequenos produtores de soja, milho e trigo orgânicos integram o pólo de produção de agricultura sustentável de Capanema, município localizado no sudoeste do estado do Paraná. A vocação da região foi confirmada e continuada, a partir de 1986, quando um grupo de agricultores familiares optou por persistir praticando a agricultura baseada em sementes convencionais e na não-utilização de agrotóxicos químicos.
A vocação agrícola e sustentável de Capanema acabou atraindo a empresa multinacional suíça Gebana, com sede em Zurique e considerada referência mundial no mercado de produtos agrícolas ecológicos, produzidos e comercializados de acordo com os princípios do Comércio Justo".
Eles são descendentes de alemães e italianos fixados na região por volta de 1940. Atualmente Capanema é considerado o maior pólo de orgânicos do País. Cerca de 340 agricultores familiares e pequenos produtores protagonizam essa história.
A vocação agrícola e sustentável de Capanema acabou atraindo a empresa multinacional suíça Gebana, com sede em Zurique e considerada referência mundial no mercado de produtos agrícolas ecológicos, produzidos e comercializados de acordo com os princípios do Comércio Justo. Em 1997, a demanda européia por produtos orgânicos e certificados decola e a agricultura praticada em Capanema começa a se destacar no cenário nacional e internacional.
A Gebana fez o primeiro contato com o grupo de agricultores ecológicos de Capanema em 1999. Em 2002, uma comitiva da empresa visita os agricultores no Paraná. A primeira exportação de soja orgânica certificada ocorre nesse mesmo ano. Um acordo transforma a empresa capanense Terra Preservada, dirigida por dois agricultores (César Colussi e Rogério Konzen), voltada a comercialização dos produtos orgânicos da região, em representante da multinacional atacadista de produtos orgânicos e certificados no Brasil. A pequena empresa segue a filosofia da matriz e conta, no momento, com 35 funcionários.
Origem socioambiental
A Gebana é um empreendimento diferenciado, cuja origem remete aos anos 70, quando um grupo de mulheres suíças promove protesto contra o baixo preço da banana - importada de países tropicais - comparativamente à maçã - produto nativo. O motivo do baixo preço decorria do fato de os produtores de banana receberem valores ínfimos pelo cultivo e coleta da fruta nos países de origem. As mulheres suíças, então, se organizaram e começaram a comprar bananas nos supermercados do país para revendê-las por melhores preços. O excedente arrecadado passou a ser enviado às comunidades de produtores de bananas, visando melhorar sua qualidade de vida. Este é o primeiro capítulo da Gebana, ou seja, a empresa nasceu de um projeto político e de conscientização socioambiental na década de 70.
Inicialmente a Gebana atuou como organização não-governamental, voltada à concretização de objetivos sociais e ecológicos por meio da agricultura sustentável e da prática do Comércio Justo. Em decorrência do crescimento do mercado de produtos orgânicos e de não-transgênicos na Europa, no final da década de 90, deixou o terceiro setor para se tornar uma pequena empresa atacadista do novo segmento do mercado mundial de alimentação. A Gebana foi criada oficialmente em setembro de 1998 na Suiça.
Apesar do baixo número de funcionário – a matriz na Suiça conta com equipe de cerca de 30 profissionais -, o empreendimento é considerado emblemático na história da formação do mercado consumidor de produtos orgânicos e convencionais (não comercializam nenhum produto cultivado com agrotóxicos perigosos ou a partir de sementes geneticamente modificadas), devidamente certificados.
Atualmente a Gebana Internacional é uma grande atacadista multinacional de soja orgânica, frutas secas e outros produtos ecológicos da América Latina e da África. Ela conta com filiais no Brasil (Capanema), na África (Tunísia e Burkinafaso) e na Holanda (filial administrativa).
O produto mais importante importado e comercializado pela Gebana na Europa, é a soja orgânica certificada. Grande parte dos grãos é produzida pelas cerca de 300 famílias de agricultores ecológicos de Capanema.
Apoio estadual
O governo paranaense foi pioneiro ao apoiar a produção orgânica e de não-transgênicos no País, há cerca de seis anos. Na época, a soja transgênica começava a entrar de forma clandestina no Rio Grande do Sul, proveniente da Argentina. O governo paranaense baixou uma lei que proibia o descarregamento da soja geneticamente modificada no Porto de Paranaguá, entre 2004 e 2005, mas teve de revogar a medida, depois da aprovação da Lei Nacional da Biossegurança pelo Congresso Nacional. A legislação federal não adotou o princípio da precaução (aguardar a comprovação científica sobre o efeito do consumo de soja transgênica na saúde humana e animal) e liberou o cultivo transgênico no País.
(Só Notícias, 10/09/2010)