Os moradores das ilhas da Pintada e das Flores, no bairro Arquipélago, e os usuários da BR 290, no trecho entre o vão móvel do Guaíba e o acesso à BR 116, foram surpreendidos nesta quinta-feira por um mutirão de limpeza que se estenderá até às 17h. A iniciativa, denominada de Operação Delta, mobilizou dezenas de voluntários, servidores públicos de Porto Alegre e de Eldorado do Sul, além de funcionários da Concepa e de patrulheiros do Comando Ambiental da Brigada Miltar. “O objetivo é conscientizar os moradores da região sobre a responsabilidade ecológica, com ênfase para o trato com animais, risco da manutenção de lixões a céu aberto e preservação ambiental”, salientou o coordenador de Engenharia da Concepa, Fábio Hirsch. Lembrou que, em atividades semelhantes desenvolvidas nos meses de dezembro e abril foram recolhidas 50 toneladas de lixo no Delta do Jacuí.
Diariamente, a Concepa realiza a remoção de lixo nos acostamentos dos trechos rodoviários sob sua concessão, entre Osório e Guaíba. “O depósito regular de descartes dos usuários das rodovias resulta na coleta mensal de até 70 toneladas de resíduos recicláveis”, ressaltou. Paralelamente, a concessionária formalizou parceria com as prefeituras de Porto Alegre e Eldorado do Sul para qualificar as vias de acesso às ilhas do Delta do Jacuí, revitalizar as sinalizações horizontal e vertical e ampliar as ações de conscientização quanto à importância da preservação do meio ambiente.
A gestora do Parque e da Área de Proteção Ambiental Delta do Jacuí, Vania Mara Ângelo da Costa, ressaltou que o acúmulo de lixo e as ocupações irregulares são os principais problemas registrados na região. “Infelizmente, as ilhas se transformaram em depósito de parte do lixo produzido na cidade”, lamentou. Segundo ela, os carroceiros costumam cobrar para dar destino aos resíduos de obras e acabam lançando caliça às margens dos mananciais. “A legislação ambiental nem permite que haja atividade de reciclagem em unidades de conservação, como no bairro Arquipélago”, afirmou.
A intenção de Vania Mara é apresentar uma nova alternativa de geração de renda aos papeleiros que costumam transportar lixo para as ilhas fazendo uso de carroças. O caminho, segundo ela, passa pela implantação de viveiros de mudas nativas nas ilhas, como forma de alterar as atividades produtivas dos moradores do bairro. “A atividade é lucrativa por conta das medidas compensatórias necessárias para a implantação de empreendimentos imobiliários no município”, enfatizou.
Na avaliação de Vania Maria, a comercialização de plantas nativas será mais rentável para as famílias. Ontem, durante o mutirão, houve a distribuição de algumas mudas de flores e de plantas nativas para os moradores, em troca do acesso aos terrenos das moradias que, não raras vezes, estão abarrotados de resíduos inservíveis para a reciclagem. Lembrou que no trecho da BR 290, entre Porto Alegre e o acesso à BR 116, existem duas unidades de conservação ambiental que abrigam 1,6 mil espécies registradas, sendo 320 de vegetais, 210 de aves, 78 de peixes, 32 de mamíferos, 24 de anfíbios e 18 de répteis. Algumas delas estão em extinção.
(Por Luciamen Winck, Correio do Povo, 10/09/2010)