O governo brasileiro decidiu conceder uma área de 14 milhões de hectares da Amazônia - o equivalente ao dobro do território da Irlanda - para que empresas privadas explorem a região sob um rigoroso plano de manejo, que limitará o desmatamento à capacidade de regeneração da floresta. A informação é do diretor do Serviço Florestal Brasileiro, Antonio Carlos Hummel, feita à agência AFP.
Após uma preparação que levou dois anos, a primeira concessão entrará em operação em outubro. Segundo o diretor do Instituto Florestal Tropical, Marco Lentini, "o manejo florestal pode ser a única atividade economicamente viável para muitos municípios e habitantes da Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, onde vivem 25 milhões de pessoas que precisam de fontes de rendimento".
De acordo com o plano de manejo, até cinco árvores podem ser cortadas para uma área equivalente a um campo de futebol. Depois disso, a região ficará 30 anos sem intervenção para que possa se regenerar.
A exploração descontrolada de madeira tem sido o grande motor do desmatamento da Amazônia, e seus impactos podem ser vistos no município de Paragominas (PA), onde grandes extensões de floresta foram convertidas em pastagem.
A meta é que esse plano, a ser utilizado em áreas públicas e privadas, contribua para diminuir o ritmo de desmatamento do Brasil, que atingiu o pico histórico de 27 mil km² em 2004 e, neste ano, deve atingir cerca de 5 mil km², o nível mais baixo depois de décadas.
Além das áreas que serão abertas para concessão, a Amazônia brasileira tem 210 milhões de hectares (42% da área total) protegidos, que incluem parques e reservas indígenas.
(Estadão.com.br, 10/09/2010)