A petrolífera britânica British Petroleum (BP) acusou as decisões de "múltiplas companhias e equipes de trabalho" pela explosão na plataforma Deepwater Horizon, em 20 de abril, que deixou ao menos 11 mortos e lançou uma maré negra no golfo do México classificada como o maior desastre ambiental dos Estados Unidos.
Em relatório sobre a investigação interna do acidente, a BP diz que não houve um fator único responsável pela explosão "e sim uma sequência de fracassos envolvendo um número de diferentes partes".
O acidente, afirma o documento, "foi causado por uma série complexa e interligada de fracassos mecânicos, maus julgamentos, design de engenharia, implementação operacional e interface de equipes".
O relatório é baseado em uma investigação de quatro meses liderada por Mark Bly, chefe de segurança e operações da BP, e conduzida independentemente por uma equipe de mais de 50 técnicos e especialistas da empresa britânica e consultores.
O documento lista seis causas principais para a catástrofe ambiental:
-- O cimento colocado no fundo do poço de Macondo para tapar o fluxo não conseguiu conter, como deveria, os hidrocarbonetos dentro da reserva e permitiu que gás e líquidos subissem pelo canal de produção;
-- Os resultados do teste de pressão negativa foram erroneamente aceitos pela BP e pela Transocean, embora a integridade do poço não tenha sido estabelecida;
-- Em um período de 40 minutos, a equipe da Transocean falhou em reconhecer e agir contra o fluxo de hidrocarbonetos no poço até que eles já estivessem chegando em grande quantidade à superfície;
-- Após este material atingir a plataforma, foi encaminhado para um separador de gás-lama, fazendo com que o gás fosse ventilado diretamente para a plataforma, em vez de ser lançado ao mar;
-- O fluxo de gás que passou através do sistema de ventilação para as salas de máquinas criou um potencial de ignição que o sistema de prevenção de gás e incêndios da plataforma não detectou;
-- Mesmo após a explosão e incêndio afetarem os controles de operação manuais, o sistema de prevenção contra explosões da plataforma deveria ter sido ativado automaticamente para vedar o poço. Mas ele fracassou em operar, provavelmente porque componentes críticos não estavam funcionando.
"A investigação fornece nova informação sobre as causas do terrível acidente. É evidente que uma série de complexos eventos, e não um único erro ou fracasso, levou à tragédia. Várias partes, incluindo a BP, Halliburton e Transocean, estavam envolvidas", disse o chefe executivo da BP, Tony Hayward, que está deixando o cargo.
O novo chefe executivo da petrolífera, Bob Dudley, disse que desde o começo a empresa afirmou que a explosão era de responsabilidade de várias entidades.
A companhia pagou US$ 399 milhões (R$ 700 milhões) em processos relacionados ao vazamento de petróleo durante as 16 semanas nas quais administrou sozinha as tarefas de indenização do desastre. Gastou também US$ 1 milhão por semana em anúncios de rádio e televisão para tentar conter os danos do vazamento à sua imagem.
(Folha.com, 08/09/2010)