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2010-09-09 | Tatianaf

Coordenadora do pós-graduação em Arquitetura da UniRitter e especialista em desenho urbanístico, Maria Isabel Milanez, defende o equilíbrio na discussão envolvendo restrições de construções na Capital. Confira os principais trechos da entrevista:

Zero Hora – Por que é importante manter espaços sem edificações em orlas?

Maria Isabel Milanez – É fundamental que se consiga manter a relação terra e água, com sua vegetação de contenção. Por que o Guaíba ultrapassa seus limites de cheia? Porque há um assoreamento, desmatamento da matas ciliares e vegetação nativa que funcionam como limite. É como se fosse um dique natural, é o limite necessário das águas, para que corram em seus cursos normais.

ZH – É possível abrir exceções?

Maria Isabel – Em toda a regra, sempre há exceções. Essa exceções só não podem estar a serviço do capital em detrimento da geografia. Tem de haver o equilíbrio. Posso ter um belíssimo empreendimento com alto valor de mercado, mas que preserve e a recupere o ambiente natural. Eu imagino que esses projetos, que são de primeiro mundo, podem e devem acontecer na zona extensiva da Capital, onde não há alta concentração urbana.

ZH – Os 60 metros de recuo não poderiam engessar o desenvolvimento urbanísticos da cidade?

Maria Isabel – Eu acho que em toda a área urbana intensiva, que vai do Centro até a região de Ipanema e Ponta Grossa, não pode ser mais que 30 metros. Até porque existe o fato consumado de direto adquirido. Não pode ser retroativo. Faria com que a orla continuasse a não ser apetitosa tanto para o desenvolvimento quanto para o mercado. O período de cheias também deve ser levado em conta. Agora, da Zona Sul até a divisa com Viamão, com exceção da zona urbana de Belém Novo, é razoável os 60 metros. É uma zona de preservação permanente.

(Por Gustavo Azevedo e Maicon Bock, Zero Hora, 08/09/2010)


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