Até julho de 2010 o Espírito Santo registrou quatro casos de conflitos pela água envolvendo 220 famílias. A informação, que é preliminar, foi levantada pela Comissão Pastoral da Terra e do levantamento “Conflitos no Campo do Brasil”, relativos ao período de 1 de janeiro a 31 de julho deste ano.

Segundo a CPT, o Estado, que em 2009 não registrou nenhum conflito pela água, no período dos sete primeiros meses deste ano aumentou seguindo a regra dos demais estados do País, com exceção do Norte do País.

Ao todo, informou a CPT, o Sudeste passou de qautro conflitos em 2009 para 11, enquanto o Centro-Oeste passou de dois para três; o Nordeste de sete para nove e o Sul de dois para três. Já no Norte, foram registrados sete conflitos em 2009 e três em 2010.

No Brasil, foram registrados 29 conflitos pela água envolvendo 25.255 famílias de janeiro a julho de 2010. Este número é 32% maior do que o registrado e, igual período de 2009, quando foram registrados 22 conflitos envolvendo 20.458 famílias.

Dos 29 conflitos pela água, 11, ou 38%, estão relacionados com a construção de barragens.

Os conflitos que podem ser apontados no Estado, neste sentido, dizem respeito à barragem construída pela ex-Aracruz Celulose no norte do Estado, que desviou parte da água do ria Riacho para o abastecimento da sua fábrica, assoreando o rio e deixando os pescadores sem meios de navegação. Outro conflito gerado diz respeito à escassez de água para irrigação registrada após a intervenção.

Além dos conflitos pela água, a CPT também registrou ter crescido de forma expressiva, em regiões “mais ricas e desenvolvidas do País, ”o número de trabalhadores presos e agredidos e também o número de manifestações devido aos conflitos pela terra”.

Ao todo, o Estado registrou quatro conflitos envolvendo 3.250 pessoas em 2009 e 11 manifestações envolvendo 4 510 pessoas de janeiro a julho deste ano. Em todo o País, houve um aumento de 18% no número de manifestações no campo, segundo a CPT. Ao todo, em 2010 foram 385 manifestações envolvendo 165.530 pessoas contra 323 manifestações registradas em 2009 e que envolveram 104.262 pessoas.

Destas 385 manifestações, 62 foram relacionadas aos conflitos pela água e 39 relativas à construção de barragens.

(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 05/09/2010)