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reflorestamento silvicultura celulose e papel
2010-09-03 | Tatianaf

Até que ponto o reflorestamento com espécies exóticas, que acontece principalmente na América Latina e no Caribe (ALC), é uma boa alternativa às mudanças climáticas? As respostas para a pergunta foram um dos objetos de estudo do pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) Gabriel Schutz em sua tese de doutorado La insoportable levedad del papel: Conflicto socioambiental y salud en torno de la producción de celulosa en el Cono Sur latinoamericano, defendida no Programa de Saúde Pública da Escola, e que agora podem ser encontradas em mais uma publicação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o GEO 3 América Latina e Caribe. A publicação aponta que o florestamento com eucalipto vem modificando as formas tradicionais de produção rural e impactando a saúde e o ambiente na região.

O GEO 3 ALC faz uma avaliação da situação ambiental da região, com base em dados e informações disponíveis e confiáveis. O estudo é uma contribuição do Pnuma para promover melhorias no bem-estar das populações e contribuir para o debate em torno do conceito de sustentabilidade ambiental, que enfrenta desafios significativos no seu desenvolvimento, presente e futuro. Este terceiro relatório sobre o estado do ambiente na América Latina e Caribe foi estruturado em cinco capítulos.

Segundo Gabriel, que está inserido em outro projeto do Pnuma (GEO Saúde), o convite para sua participação na elaboração do GEO 3 ALC surgiu a partir da sua tese de doutorado, na qual analisou os impactos socioambientais da monocultura do eucalipto e produção de celulose para exportação. Um viés da sua pesquisa aborda os dilemas latino-americanos de “sequestrar” o excesso de dióxido de carbono na atmosfera a partir da florestação com eucalipto.

“Parte da minha pesquisa foi inserida nesse produto e aborda as contradições das formas de compensação do dióxido de carbono. Uma das formas de fazer isso é por meio da florestação com espécies de crescimento rápido, principalmente com o eucalipto. Meu trabalho questiona se não seria melhor reflorestar com espécies nativas recuperando a biodiversidade. E, além de recuperar, parar de queimar a mata e de matar o que nela vive”, diz.

Sobre os impactos da monocultura do eucalipto, Gabriel revela que há um certo fetichismo em relação ao que se chama de gestão ambiental. “A maioria das plantações florestais tem certificações internacionais de gestão ambiental. Porém, o que elas garantem é que aquela monocultura é ambientalmente saudável a ela mesma. O eucalipto, principalmente por ser uma árvore sem frutos e sementes, traz impactos à biodiversidade. Inclusive, em alguns casos, as terras usadas com essa plantação poderiam ser aplicadas para a produção de alimentos”.

Gabriel recorda que a fase de monocultura extensiva do eucalipto já aconteceu há mais de trinta anos na América Latina, mas que a tendência não é expandi-la por grandes territórios, e sim fazer parcerias com pequenos produtores. “O eucalipto não é plantado apenas para a celulose, mas em função do carvão vegetal. Muitos produtores rurais tradicionais do interior que tinham milho e pomares de frutas para fazer doces estão substituindo essas produções pelo eucalipto, com a promessa de terem uma renda maior. Isso está gerando, além de problemas ambientais, uma forte perda cultural e alimentar em algumas regiões do Brasil, principalmente em Minas Gerais, no interior de São Paulo e no norte fluminense”.

Para Gabriel, este tipo de florestamento não seria ruim se fosse regulamentado. “O eucalipto é uma arvore; não é ruim por si só. O problema está na forma como ele vem sendo utilizado. No Espírito Santo, por exemplo, quando, há 40 anos, houve a transformação do espaço geográfico para a produção de madeira, índios e quilombolas foram obrigados a abandonar suas florestas e territórios. Trabalhadores rurais migraram em busca de emprego, deixando suas mulheres tomando conta de filhos e idosos no local. Isso acarretou, além de grande migração urbana naquele estado, forte impacto sobre o gênero feminino. Apesar de hoje não estar acontecendo com tanta intensidade, esse processo deixou suas pegadas no território e nas populações excluídas”, concluiu Gabriel.

(Informe Ensp/Agência Fiocruz de Notícias, publicado pelo EcoDebate, 03/09/2010)


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