A comissão científico-climática da Organização das Nações Unidas vai examinar os custos das “segundas melhores” formas de combater o aquecimento global, diante do ceticismo com a possibilidade de que todos os países aceitem as ações lideradas pela ONU, disse um especialista na terça-feira.
Ottmar Edenhofer, copresidente do grupo de trabalho da ONU que examina questões econômicas relativas ao aquecimento global, disse que o último relatório da ONU, em 2007, supunha que todos os países participariam e que novas tecnologias para reduzir as emissões de gases do efeito estufa estariam disponíveis.
Os próximos relatórios do Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC), em 2013-14, deve incluir outras opções. Reportagem de Alister Doyle, da Agência Reuters.
“Pretendemos apresentar os ‘segundos melhores’ cenários, em que supomos que temos um regime climático fragmentado, onde temos uma disponibilidade limitada de tecnologias, para descrever um espaço político muito mais realista”, disse Edenhofer à Reuters por telefone.
Depois da frustrada conferência climática de 2009 em Copenhague, a ONU tem com meta adotar neste ano um novo tratado climático global de cumprimento obrigatório. Mas as discussões preliminares têm ocorrido em ritmo lento, e especialistas já duvidam da adoção do tratado neste ano.
Edenhofer, que é também economista-chefe no Instituto Potsdam para a Pesquisa do Impacto Climático, na Alemanha, não quis fazer uma estimativa dos prováveis custos desses “segundos melhores” cenários.
O relatório de 2007 dizia que um combate intenso ao aquecimento global reduziria o PIB global em menos de 0,12 por cento ao ano, o que significaria comprometer menos de 3 por cento da produção econômica mundial em 2030.
A maior parte – bilhões de dólares – seria gasta na transição dos combustíveis fósseis para as energias limpas, como solar e eólica. No caso de algumas tecnologias renováveis, segundo Edenhofer, houve mais progressos tecnológicos do que se esperava no relatório de 2007.
Ele afirmou também que o novo relatório deve examinar os possíveis efeitos colaterais do combate ao aquecimento global. Mesmo estratégias aparentemente inofensivas, como plantar árvores para absorver gases do efeito estufa, podem ter efeitos colaterais, por deslocar lavouras.
“Não é uma opção sem riscos (…). O uso da biomassa provavelmente teria impactos severos sobre a produção alimentar, sobre a segurança alimentar, que é uma questão muito crucial aqui.”
(Agência Reuters, no UOL Notícias, EcoDebate, 02/09/2010)