Marina Silva tem uma boa imagem fora do Brasil: a comunidade internacional sempre faz menção à ex-seringueira como defensora forte da preservação das florestas brasileiras, a favor da paz ecológica.
Como candidata à presidência do país, no entanto, a ex-ministra do Meio Ambiente é vista como "outsider", distante da disputa real, como descreve o jornal alemão Süddeutsche Zeitung: "Ela é uma mera novata, mas o voto de seus eleitores poderia ser decisivo em um segundo turno".
O também alemão Frankfurter Allgeime Zeitung descreve Marina como a candidata dos "verdes", que tenta se posicionar entre José Serra e Dilma Rousseff. "E que, como ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, também tenta usar um pouco do brilho dele", avalia o jornal.
Ecologia e ironia
O Libération se refere à candidata como a "renegada do PT" que tenta, segundo o jornal, com muita dificuldade, se manter na terceira posição na disputa eleitoral. O jornal francês não vê perspectiva de maior popularidade no decorrer do horário eleitoral na televisão e no rádio: "Ela tem apenas pouco mais de um minuto para expor suas ideias e tende a falar apenas de ecologia, um tema que interessa apenas às camadas mais instruídas", sentencia.
A política voltada ao meio ambiente é mesmo o ponto mais forte das propostas de Marina, lembra o também francês Le Monde, que lembra que Marina Silva lamenta o tratamento infantil que o presidente Lula dá aos cidadãos brasileiros ao usar termos como "mãe do povo"', ou "mãe do PAC", ao pedir votos para sua candidata, Dilma Rousseff.
Vice-presidente rico
A "antiga colega de partido" de Lula, como diz o suíço Neue Zürcher Zeitung, não tem um parceiro de coalizão. No entanto, "com Guilherme Leal, bilionário e um dos donos da empresa cosmética Natura, ela tem o apoio de um vice-presidente forte do ponto de vista financeiro", lembra o jornal.
A publicação classifica a campanha eleitoral brasileira como uma verdadeira máquina de propaganda. O Neue Zürcher Zeitung cita que os candidatos à presidência preveem gastar em suas campanhas 464 milhões de reais. Dentre os três candidatos mais conhecidos, Marina investe a menor soma – 90 milhões – contra os 180 milhões de José Serra e 157 milhões de Dilma Rousseff.
O próximo passo
O El País destaca o endurecimento do ataque de Marina contra José Serra: "Não há dúvida de que, nesse momento, Serra é uma presa mais fácil para Silva, pois se encontra mais debilitado do que sua adversária Rousseff", diz o jornal espanhol.
O diário avalia que a líder ecologista trabalha com a possibilidade de fechar um pacto com o PT para formar um futuro governo, e que "neste momento, o mais pragmático é atacar a jugular de quem tem menos possibilidade de ganhar", avalia o El País.
((Por Nádia Pontes, Deutsche Welle, IHU-Unisinos, 01/09/2010)