A Pesquisa Especial de Tabagismo divulgada ontem pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) com base em Dados da Pesquisa Especial de Tabagismo, para marcar o Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto, revela que as mulheres começam a consumir o tabaco antes dos 15 anos e representam, do total, 22% a mais de fumantes do que os homens. Entre os jovens, os homens fumam 2,5 vezes mais do que elas.
Nas outras faixas etárias, essa diferença é menor, pois as mulheres deixam o cigarro numa proporção duas vezes maior do que a deles. Os jovens são os que menos procuram algum tipo de ajuda para largar o cigarro, apesar de 48% nessa faixa etária terem relatado pelo menos uma tentativa de parar de fumar nos últimos 12 meses.
A pesquisa, incluindo 51.011 domicílios, é a mais completa já feita sobre tabagismo no Brasil e realizada também em outros 13 países. Mostrou que a geração de brasileiros nascida a partir da década de 80, isso é, com até 30 anos, começa a fumar, em média, aos 17 anos. Outro dado relevante da pesquisa é a constatação de que os jovens são mais sensíveis à propaganda pró-tabaco do que os adultos.
Além de ser um dos principais fatores de risco para o câncer, o cigarro também faz mal ao orçamento do brasileiro. Um casal de fumantes, entre 45 e 64 anos, morador da região Sudeste, gasta, por mês, só com a compra de cigarros, R$ 128,60. O gasto em qualquer região do país chega a R$ 1.495,20 por ano. Todos os valores foram calculados com base em 2008. Naquele ano, o salário mínimo era R$ 415,00, o que levaria esse gasto com cigarro a quase quatro salários mínimos por ano.
Considerando o preço médio do cigarro no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo e o salário mínimo de setembro de 2008, era possível para um fumante de baixa renda comprar 150 maços ao mês, contra 112 maços, em janeiro de 2003 e 83 maços, em 1996.
"O Brasil mostra compromisso forte com o controle do tabaco. Houve redução da prevalência de 34,8% da população, em 1989, para 17,5%. Isso não é frequente", afirmou Alfonso Tenorio-Gnecco, gerente de Prevenção da Organização Pan-Americana da Saúde.
(Correio do Povo, 31/08/2010)