Mesmo com ajuda do Exército e da Polícia Federal, focos de queimadas não param de crescer no Brasil
O governo brasileiro não possui plano de emergência para combater as queimadas e os incêndios florestais, que vêm assolando o País há um mês. A secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Maria Cecília Wey de Brito, reconheceu que a questão é grave, especialmente nas áreas de preservação ambiental, como parques e reservas florestais.
"Temos solicitado apoio do Exército e da Polícia Federal para ajudar as brigadas no combate aos incêndios. Mas o que ocorre é que o número de focos de incêndio não para de crescer, parte em decorrência do clima seco, parte por causa do hábito de se atear fogo no solo", disse Maria Cecília, após participar do fórum Biodiversidade e Nova Economia, em São Paulo. "Infelizmente, não estamos dando conta."
Até ontem, dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) indicavam a ocorrência de 40.245 focos de incêndios em todo o Brasil ao longo de 2010, um crescimento de 130% em relação ao mesmo período de 2009.
Um dos pontos mais preocupantes é a expansão do número de queimadas em áreas de proteção ambiental: são 18.159 focos de janeiro a agosto, uma expansão de mais de 300%, na comparação a 2009.
Perícias. À tarde, em Brasília, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, abriu reunião do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), onde discutiu o tema. Izabella afirmou que o ministério solicitou perícias para apurar as causas e aplicar punições previstas na lei de crimes ambientais para incêndios criminosos. Segundo Izabella, cerca de 7 mil bombeiros estão trabalhando no combate aos incêndios, além de homens do Exército e brigadistas.
Mobilização. A falta de um plano de ação emergencial por parte do governo em relação ao problema dos incêndios florestais provocou mobilização nas redes sociais. Internautas organizaram no Twitter a campanha #Chegadequeimadas, que chegou a figurar nos Trending Topics (ranking dos tópicos mais comentados) das 4h46 às 6h26 e reuniu mais de 60 mil mensagens de 25 mil internautas.
O manifesto rapidamente disseminou mensagens contrárias aos focos de incêndio que assolam o Brasil nos últimos dias. "A Natureza clama por socorro", "Décadas serão necessárias para a vegetação voltar a florescer", "Porque a maior parte dos candidatos obtém apoio e dinheiro de incendiários?", foram algumas das opiniões colocadas. A campanha continua nos próximos dias.
Queima de cana proibida
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) proibiu ontem a queima da palha da cana-de-açúcar, processo usado na colheita da cultura, em todo o Estado de São Paulo.
(O Estado de São Paulo, 30/08/2010)