O Ibama apreendeu nesta quinta (26/08) mais uma remessa de barbatanas de tubarão num porto de Belém, no nordeste do Pará. Desta vez, a carga de 1,4 toneladas seria exportada para Hong Kong, onde o produto é utilizado na indústria alimentícia. Além de perder as barbatanas, avaliadas em mais de R$80 mil, a empresa recebeu multa de R$128 mil.
“O exportador não provou a destinação correta das carcaças de tubarão, o que revela que os animais foram vítimas da prática do ‘finning’”, disse o analista ambiental e biólogo Gunther Barbosa, que investigou o caso. Proibida por uma portaria do Ibama, o “finning” ocorre quando o pescador corta apenas as barbatanas do tubarão e descarta a carcaça no mar. Muitas vezes o animal resiste à amputação e é jogado ainda vivo na água, mas não sobrevive. Os pescadores praticam o “finning” por motivos econômicos, já que transportar um barco cheio de barbatanas, produto muito valorizado no mercado internacional, é mais lucrativo que ocupá-lo com o tubarão inteiro.
Ibama apreende 1,4 ton de barbatanas de tubarão em Belém
Empresas fantasmas
A exportadora autuada solicitou ao Ibama a liberação da carga para Hong Kong no início da semana. Após análise da documentação que comprovaria a cadeia produtiva do produto (da origem das barbatanas até a destinação das carcaças), foram identificadas diversas irregularidades. Entre elas, havia notas fiscais de venda de carcaças de tubarão para empresas fantasmas.
Os agentes do Ibama vistoriaram as supostas empresas compradoras das carcaças, mas encontraram uma padaria e uma fábrica de palets nos locais. Segundo Gunther Barbosa, os proprietários desconheciam porque seus endereços estariam sendo usados para atividade relacionada à pesca. “As empresas declaradas pelo exportador eram fantasmas e estavam sendo utilizadas para mascarar o descarte das carcaças de tubarão no mar, contrariando a lei”, disse ele.
(Por Nelson Feitosa, Ascom Ibama/PA, EcoDebate, 30/08/2010)