Na capital com o maior número de fumantes do país - 22% da população, segundo o Ministério da Saúde -, uma caminhada pela Redenção, em Porto Alegre, marcou o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado ontem. A atividade foi organizada pelo Fórum Fumo Zero, que reúne representantes de Amrigs, Cremers e Simers. Durante a manifestação, foram colhidas assinaturas para um documento que será entregue a órgãos do Estado e de municípios pedindo a proibição dos fumódromos e a criação de mecanismos de fiscalização e penalização a infrações.
Para o pneumologista Luiz Carlos Corrêa da Silva, que coordena o fórum, as políticas públicas atuais são insuficientes para combater o avanço do tabagismo, principalmente entre os jovens. Segundo ele, a Lei Antifumo, em vigor no RS desde novembro de 2009, permite aos proprietários de estabelecimentos a criação de áreas para fumantes - fumódromos -, sendo obrigatória a afixação de avisos indicativos da proibição e das sanções. "Mas não existe multa para estabelecimentos ou fumantes que descumprirem a lei", protesta Silva. "Queremos políticas de controle mais consistentes, com fiscalização e punição de infrações", diz. A caminhada contou com a participação de pessoas que, com esforço, conseguiram superar o vício. Aos 66 anos, o industriário Constantito Tarouco comemora o terceiro mês longe do cigarro. Ajudado pela esposa Iara, também ex-fumante, ele largou o tabaco e melhorou a qualidade de vida. "Valeu a pena, por isso vim aqui", observa. "O ex-fumante fica muito irritado com a fumaça", acrescenta a esposa.
O cigarro mata, anualmente, cerca de 5 milhões de pessoas em todo o mundo. A maioria é vítima de doenças do coração, dos vasos sanguíneos (em especial derrames cerebrais), dos pulmões e câncer, causados pelo uso do cigarro. Segundo o coordenador do Fórum Fumo Zero, um fumante tem em média dez anos de qualidade de vida comprometidos pelo tabaco. "O cigarro desafia a inteligência do fumante. Ele sabe que faz mal, mas não para de fumar. Por isso a importância de tratarmos não apenas o paciente, mas toda a sociedade", afirma Silva.
O Dia Nacional de Combate ao Fumo foi instituído em 1986 como forma de incentivar campanhas de prevenção e a criação de políticas públicas contra o tabaco.
(Correio do Povo, 30/08/2010)