Na quinta-feira, penúltimo dia do 48° Congresso Científico do Hupe, um tema de extrema importância foi abordado: o tabagismo. Segundo, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UNB), Calor Viegas, um bilhão e meio de pessoas no mundo apresentam o problema. “O tabagismo não é só um fator de risco para diversas doenças. Ele próprio é uma doença crônica e que mata mais do que qualquer outro fator ambiental ou comportamental no mundo”, disse.
O número de mortes por ano, no mundo, por causa da doença, chega a cinco milhões, segundo o professor. No Brasil, esse número é de 200 mil pessoas por ano. “Se não fizermos nada, em 2030 10 milhões de pessoas no mundo irão morrer por causa da doença”, disse. De acordo com ele, 70% dessas mortes serão em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.
Diferente do que se diz, o médico mostrou que o problema do cigarro não está na nicotina. “Não existe nenhuma doença causada pela nicotina. Pelo contrário, ela traz bom humor, perda de peso, melhora a tarefa cognitiva etc”, disse. Ele explicou que o problema do tabaco é que, ao usá-lo, a pessoa está ingerindo mais de quatro mil outras substâncias, como o cádmio, por exemplo, um metal pesado que traz sérios problemas à saúde. “Quando inaladas, essas substâncias caem na corrente sanguínea e atingem todo o organismo, ou seja, o tabagismo é uma doença que afeta todo o corpo humano”, explicou.
O tabaco causa dependência psíquica e química e, segundo o médico, mesmo depois de ter parado de fumar há anos, o ex-fumante pode não está totalmente livre das substâncias que o tabaco possui. “Mesmo depois de 10, 15 anos, o ex-fumante pode desenvolver câncer, por exemplo”, disse.
Carlos explicou que 80% das pessoas começam a fumar com menos de 19 anos. Entre as causas, ele citou, o modelo de comportamento – dos pais, por exemplo –; acesso fácil – “cigarro se vende em qualquer lugar e com apenas 10 centavos se consegue comprar uma unidade do produto”, disse –; cultural; e pela propaganda subliminar em novelas, reality shows, enfim, na mídia em geral.
De acordo com o especialista, duas perguntas devem ser feitas para descobrir se a pessoa sofre da doença: quantos cigarros ela fuma por dia e quantas horas depois de acordar ela acende o primeiro cigarro. “Se a resposta para a primeira pergunta for 15 ou mais cigarros, e a resposta para a segunda pergunta for menos de uma hora após acordar, ela tem a doença”, explicou.
Para o médico, muitas pessoas fumam por comportamento, não por dependência. “Elas se acostumaram a fumar depois de um café, da atividade sexual, do banho ou de acordar”, exemplificou. Ele encerrou a palestra dizendo que o tabagismo é curável, porém é um processo longo e que depende do querer do fumante. “Não existe nenhum remédio que faça um individuo para de fumar. Só depende da sua vontade”, ratificou.
(JB Online, 27/08/2010)