#chegadequeimadas. É esse o mais novo protesto na rede social Twitter. Iniciada no dia 25, a manifestação é um marco histórico na área ambiental: nunca antes uma campanha para denunciar os impactos das queimadas foi feito de maneira tão rápida e espontânea.
Eis a reportagem.
#chega de queimadas. É esse o mais novo protesto na rede social Twitter. Iniciada no dia 25, a manifestação é um marco histórico na área ambiental: nunca antes uma campanha para denunciar os impactos das queimadas foi feito de maneira tão rápida e espontânea.
"Até agora, mais de 25 mil pessoas fazem parte da campanha", disse o cientista político Sergio Abranches em entrevista concedida hoje para a rádio CBN. De acordo com o diretor da OSCIP Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi, das 4h46 às 6h26, #chegadequeimadas ficou entre as Trend Topics (expressões mais citadas) do Twitter. A meta é que a campanha volte a estar nos Tts brasileiros.
Denúncias sobre os focos de incêndio que vem ocorrendo no país, protesto em relação ao descaso e à ausência do Estado são algumas dos posts daqueles que participam da campanha #chega de queimadas. "O governo brasileiro é inoperante com relação às queimadas. É fogo para todo lado no Pará e Mato Grosso e Tocantins e nada é feito", disse o ambientalista George Dantas, em um dos seus posts.
Para participar da campanha use a tag #chegadequeimadas em seu twitter.
Brasil em chamas
Durante o período de seca na Amazônia, os produtores rurais ateiam fogo em seus terrenos para renovar o cultivo, seja de agricultura, pasto ou para a pecuária. Esses incêndios avançam sobre as florestas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), usar fogo para manejar ou implantar pastagens é ilegal. Uma queimada só pode ser feita de forma controlada, após ser emitida autorização do órgão ambiental competente. O valor da multa por queimada irregular é de R$ 1 mil por hectare mais o embargo da área onde houve o crime ambiental.
Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, esse ano, o estrago provocado pelas queimadas pode ser maior que em 2007, quando houve o maior número de incêndios dos últimos cinco anos.
A situação mais crítica ocorre no Tocantins, onde as queimadas já destruíram 216 mil hectares do Parque Nacional do Araguaia. O instituto também considera crítica a situação no sul do Pará e em Rondônia. Além da destruição das florestas, as queimadas trazem prejuízos sociais e econômicos. Os aeroportos de Rondônia e Acre ficaram fechados por vários dias, por falta de visibilidade ocasionada pela fumaça. O tráfego nas estradas também foi afetado, principalmente no período noturno.
Em função dos incêndios que se alastram por causa da seca, 100 casas foram destruídas pelo fogo em Marcelândia (MT). No mesmo Estado dois trabalhadores da Usina Pantanal, na zona rural de Jaciara, morreram em um acidente durante uma queima de cana-de-açúcar. Uma das vítimas morreu no local. O outro trabalhador no Hospital e Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá.
Em Rondônia os ribeirinhos estão com dificuldades para navegarem no Rio Madeira, já que além da baixa do rio, ocasionada pelo período de seca, a visibilidade é praticamente zero. Na região urbana a cidade está tomada por neblina, e a fumaça, em certos momentos chega a tomar conta das residências. Os atendimentos nos postos de saúde e nas policlínicas aumentaram substancialmente: apenas no Hospital Infantil Cosme e Damião, o atendimento a crianças que apresentam problemas respiratórios subiu 70%.
Só no oeste do Pará, nos municípios de Novo Progresso e Altamira , o Ibama já multou em R$ 726 mil os proprietários rurais por queimada ilegal. Juntos, eles colocaram fogo sem autorização do órgão ambiental em 724,91 hectares de pastos e florestas em regeneração. Além da multa, o instituto embargou suas terras.
(Por Thais Iervolino, Amazônia.org, IHU-Unisinos, 27/08/2010)