Tensa, a equipe de biólogos aguardou ontem mais de 10 minutos pela respiração da baleia jubarte encalhada pela segunda vez na costa de Capão Novo, litoral norte gaúcho. O ar não veio. Por volta das 17h30min, o médico veterinário Milton Marcondes, do Instituto Baleia Jubarte, analisou o animal. A seguir, o grupo constatou que a luta de cinco dias pela vida da baleia havia acabado.
– Baixou uma tristeza. Agradecemos a todos pelo apoio, aos especialistas que vieram de longe – declarou Cariane Campos Trigo, bióloga do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar).
Encalhada em um banco de areia desde o sábado, ela tinha sido resgatada na terça-feira, em uma megaoperação. A esperança diminuiu quando ela voltou a ficar presa na quarta-feira.
Os esforços para salvar a jubarte foram acompanhados diariamente por dezenas de curiosos à beira da praia. A confirmação da morte comoveu a todos. Cariane buscou uma explicação para tamanha frustração com o fim da gigante mansa:
– A baleia tem um apelo. É uma espécie carismática. Se um tubarão estivesse no lugar da jubarte, não seria a mesma coisa.
A vontade de ajudar a baleia de 11 metros de comprimento e 25 toneladas também incentivou os especialistas. Mesmo sabendo que o cetáceo não aguentaria, eles tentaram.
Às 7h de hoje começará outra operação. O corpo da jubarte será levado para a beira da praia. Lá, será feita a necropsia. Amostras serão colhidas, a fim de revelar as causas da morte – o que pode levar até um mês, segundo Marcondes. Também deverão ser retirados os ossos da baleia para serem montados no Ceclimar. Então o esqueleto poderá até ser visto por visitantes.
– O que restar vamos levar para um lugar em que possa ser enterrado – afirmou Marcondes.
A luta na praia
- Sábado – A baleia jubarte, de 11 metros de comprimento e 25 toneladas, encalha em um banco de areia na praia de Capão Novo
- Domingo – O biólogo do Ceclimar Maurício Tavares faz as primeiras observações na baleia e sugere que ela pode estar doente porque a espécie não costuma se aproximar tanto da costa
- Segunda-feira – Uma megaoperação de resgate é preparada, contando com a ajuda da Petrobras, de mergulhadores e da Brigada Militar, além de equipamentos e embarcações de salvamento
- Terça-feira – A operação é considerada um sucesso. A jubarte é libertada com a ajuda de um rebocador
- Quarta-feira – O animal é visto no início da manhã encalhado nas proximidades do local onde ficara preso da primeira vez
- Ontem – A jubarte resiste e dá esperanças aos biólogos, que monitoram a sua saúde. No entanto, após longa agonia, no final da tarde é confirmada a sua morte
SAIBA MAIS
- O litoral do Rio Grande do Sul está no caminho das jubartes entre a Antártica, onde se alimentam, e o arquipélago de Abrolhos, na Bahia, onde se reproduzem
(Zero Hora, 27/08/2010)