O vazamento de petróleo no Golfo do México poderá custar à economia da Flórida a perda de US$ 2 bilhões e de 35 mil empregos, segundo o economista Sean Snaith, professor da Universidade de Central Florida, em Orlando.
O cálculo de Snaith leva em conta apenas o impacto sobre os setores de hotelaria, alimentação e entretenimento.
Desde 20 de abril, quando uma plataforma operada pela petroleira britânica BP explodiu e afundou no Golfo do México, dando início ao vazamento e ao pior desastre ambiental da história americana, a região vem sofrendo com a falta de turistas.
O prejuízo não atinge somente áreas que foram afetadas pela mancha de petróleo, como Pensacola, mas também praias que permaneceram limpas, como Panama City.
"Algumas cidades vão sentir o impacto por associação, mesmo sem a presença de petróleo", disse Snaith à BBC Brasil.
Alta temporada
O vazamento na Costa do Golfo do México atinge a região chamada de Panhandle da Flórida, no oeste do Estado, na divisa com a Geórgia e o Alabama.
Ao contrário do sul da Flórida, que tem sua alta estação no inverno do hemisfério norte (dezembro a março), o Panhandle tem sua alta temporada durante o verão (junho a setembro), exatamente o período em que o temor do vazamento acabou afastando os turistas.
Além dos negócios ligados ao turismo, os prejuízos se espalham por outros setores, como pesca, aluguel de barcos e aulas de mergulho.
"A Flórida estava tentando sair do impacto da recessão. Esta era a temporada em que a economia ia se recuperar. Mas então ocorreu o vazamento", diz Snaith.
Cenários
Os números, porém, são mais positivos do que inicialmente previsto pelo economista.
Em junho, quando o fluxo de petróleo do poço danificado ainda não tinha sido interrompido, Snaith chegou a prever a perda de 196 mil empregos nos setores de lazer e hospedagem --mais de cinco vezes a previsão atual.
Se aquele cenário mais pessimista traçado por Snaith tivesse se concretizado, a perda na economia da Flórida chegaria a US$ 10,9 bilhões.
Quando os engenheiros finalmente conseguiram vedar o poço de petróleo e interromper o vazamento, o economista revisou seus cálculos.
No entanto, Snaith afirma que as previsões ainda podem ser modificadas e que o impacto do vazamento ainda não chegou ao fim.
"Ainda estamos esperando para ver dados mais concretos", diz o economista.
(Folha Online, 26/08/2010)