O veleiro científico Sea Dragon começa, nesta quinta-feira (26/08), uma viagem pelo oceano Atlântico para monitorar presença e impactos de poluentes orgânicos persistentes (POPs) na água e em peixes de águas profundas. A partida será na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, depois da cerimônia, às 11h, que marca a entrada em vigor de nove novos produtos à lista de POPs.
Os POPs são reconhecidos como substâncias persistentes, discutidos dentro da Convenção de Estolcomo. Eles permanecem no ambiente por muito tempo sem sofrer degradação, o que gera dano ao ser humano e ao meio ambiente. Já existem 12 substâncias na lista de POPs, utilizadas em pesticidas de controle de insetos no solo, inseticidas de culturas de algodão e outros produtos utilizados em indústrias químicas.
Uma vez que muitos dos POPs ainda são utilizados em todo o mundo, os países que são partes da Convenção Estocolmo vão adotar medidas de controle, redução e eliminação desses produtos.
Em vídeoconferência, o secretário-executivo da Convenção de Estocolmo, Donald Cooper, realizará ato comemorativo em Genebra, Suíça, referente à entrada em vigor das nove novas substâncias químicas. A viagem faz parte da Campanha das Nações Unidas para a Responsabilidade sobre os Produtos Químicos e Resíduos Perigosos.
A secretária de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Branca Americano, participa do evento. A iniciativa alerta para o problema, a fim de inserir o tema da segurança química nos debates da Rio+20, em 2012. O evento é realizado pelo secretariado da Convenção de Estolcomo.
Controle e eliminação de poluentes
No Brasil, será realizado inventário sobre os novos POPs, elaborando medidas de controle e eliminação das substâncias. No Brasil, além da realização de um inventário sobre os novos POPs, será necessária a adoção de medidas de controle para algumas destas substâncias.
O HCH (hexaclorociclohexano), que já foi utilizado como agrotóxico e preservante de madeira no Brasil, teve o seu registro cassado em 2007, porém, há indícios da existência de estoques e áreas contaminadas.
O caso mais conhecido é o da Cidade dos Meninos, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Nos anos 50, a fábrica de pesticidas para combate à malária foi desativada e todo o material poluente foi abandonado no local. O material se espalhou e infiltrou no solo, iniciando um processo de contaminação do meio ambiente e da população que dura até hoje.
No caso do PFOS/PFOSF, utilizado em isca formicida, serão adotadas medidas restritivas. Outros produtos podem ser encaminhados para reciclagem.
As novas substâncias incluídas são alfa hexaclorociclohexano (±-HCH); beta hexaclorociclohexano (²-HCH); lindano; clordecone; hexabromodifenil; éter octabromodifenílico comercial (octa-BDE); éter pentabromodifenílico comercial (penta-BDE); ácido perfluooctano sulfônico, seus sais e perfluorooctano sulfonil fluoreto (PFOS/PFOSF); e pentaclorobenzeno.
(Por Carlos Américo, MMA, 26/08/2010)