A falta de conservação da floresta portuguesa tem sido a grande falha no combate aos incêndios dos últimos anos, denuncia hoje a Quercus. A associação defende um cadastro “actualizado e rigoroso” e a aposta nas espécies autóctones.
Ainda que a coordenação e combate aos incêndios tenha melhorado, a prevenção “continua a tardar”, comenta a Quercus em comunicado. Neste capítulo, um dos maiores problemas continua a ser “ordenar o que não se conhece”. Como alternativa, a associação defende um novo cadastro geométrico da propriedade rústica, promovendo o “associativismo e a gestão da estrutura minifundiária” no Norte e Centro do país.
Além disso, a associação pede a realização de um novo Inventário Florestal Nacional. O último data de 2005/2006. Este documento deve incluir “informação detalhada e actualizada sobre as espécies que ocupam o território, definindo claramente as áreas de povoamentos, matos e jovens povoamentos em regeneração natural que, frequentemente, são incluídos na área de matos”, explica.
A Quercus diz ainda que se deve operacionalizar no terreno as Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), enquanto áreas de gestão conjunta, e que se deve dar “particular atenção à necessidade de conter a dispersão urbanística nos espaços florestais”. “Aliás, Portugal parece particularmente empenhado em destruir a sua própria floresta, autorizando diversos projectos de urbanização em áreas condicionadas, nomeadamente áreas de montado de sobro e azinho e florestas litorais”.
A Quercus coloca no centro do ordenamento florestal a “diversificação da paisagem no espaço rural”, apostando na silvicultura preventiva sustentável e nas espécies folhosas autóctones, como o carvalho e o sobreiro. De acordo com o Inventário Florestal Nacional, enquanto o eucalipto se tem mantido estável, a azinheira e carvalho registaram uma queda abrupta.
Nesta série de recomendações, a associação inclui ainda a urgência em “agilizar o acesso às verbas previstas no Fundo Florestal Permanente e no PRODER para a gestão da floresta”. Além disso defende mais apoios financeiros e técnicos à plantação e gestão da floresta autóctone e não apenas às espécies de crescimento rápido.
Segundo os últimos dados da Autoridade Florestal Nacional, até 15 de Agosto foram registadas 14.661 ocorrências, das quais 2449 incêndios florestais, que resultaram numa área ardida de 71.687 hectares.
(Ecosfera, 25/08/2010)