O encarregado da resposta do governo americano ao vazamento de petróleo no golfo do México, Thad Allen, informou nesta quarta (25) que "problemas de obstrução" no tampão colocado sobre o poço que vaza não permitem que equipes da petrolífera BP deem continuidade ao fechamento definitivo do poço até "sexta-feira ou sábado".
A BP, empresa responsável pelo poço que explodiu em abril, tem entre 24 e 36 horas de atraso em sua operação para impedir que a pressão no poço saia de controle.
Nesse momento, disse Allen, a empresa deve começar uma complexa operação para substituir o sistema de prevenção de derrames (BOP, na sigla em inglês) que falhou em abril, desencadeando o pior desastre ecológico da história dos Estados Unidos.
Trata-se do penúltimo passo para fechar e abandonar o poço, um objetivo que deve ser alcançado em setembro, quando a base do depósito será tapada com uma mistura de cimento e lodo pesado.
A operação de substituição do BOP atrasou no sábado quando as equipes detectaram que três fragmentos de encanamento estavam obstruindo a entrada do poço.
Conforme Allen, os engenheiros calcularam que conseguiriam retirar os encanamentos até quinta-feira, mas encontraram "um acúmulo de cristais" que bloqueavam o caminho das câmaras submarinas e de uma ferramenta especialmente desenhada para recolher os fragmentos.
Os cristais, formados por uma combinação de água gelada e hidrocarbonetos, já foram retirados e as equipes "têm claras as condições do poço", assegurou.
"O passo seguinte é retirar os dois fragmentos menores de encanamento", acrescentou Allen, que espera que esta etapa seja concluída entre hoje e amanhã.
Os engenheiros avaliarão depois como retirar um terceiro cano de quase um quilômetro de comprimento, que atravessa o BOP e se dirige rumo ao fundo do poço.
O Departamento de Justiça exigiu dispor do BOP como parte das provas em suas investigações sobre as causas do acidente. Essa semana devem ser realizadas audiências a respeito em Houston (Texas).
O vice-presidente da BP para as operações de prospecção, Harry Thierens, disse hoje que os engenheiros que executaram os esforços de contenção descobriram, há semanas, que o sistema de conexões do BOP não estava funcionando como deveria.
"Isso significaria que as válvulas dos encanamentos [do BOP] não podiam se fechar em caso de emergência", disse na audiência Thierens, segundo o "Washington Post".
O Departamento do Interior dos EUA confirmou na quarta-feira que a moratória às explorações petrolíferas que operam no golfo do México, ativada no dia 13 de julho, se estenderá pelo menos até outubro.
(Folha Online, 25/08/2010)