Sete dos nove aparelhos que analisam a poluição não estão funcionando por falta de manutenção
Envoltos em uma densa nuvem de fumaça originária das queimadas no centro do país, Porto Alegre e outros três municípios gaúchos – Caxias, Triunfo e Sapucaia – desconhecem seus índices de qualidade do ar. A situação ocorre porque sete das nove estações de monitoramento da poluição atmosférica mantidas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) estão fora de operação por falta de manutenção.
Na Capital, as três estações automáticas – localizadas na Rodoviária, no Jardim Botânico e na Rua Silva Só – não estão funcionando. Os problemas começaram no ano passado, quando alguns indicadores de poluição deixaram de ser medidos. Devido a isso, os dados apresentavam grave distorção: a qualidade do ar era pior no Jardim Botânico na comparação com a rodoviária, situação oposta à real.
Na semana passada, a estação que ainda funcionava, a da Silva Só, também parou, impossibilitando a consulta diária do índice de qualidade do ar de Porto Alegre no site da Fepam. Atualmente, a medição utilizada pelos técnicos para ter noção das condições do ar na Capital é a da estação de Canoas (Parque Universitário), onde a qualidade do ar é considerada regular.
Das nove unidades fixas, só uma em Canoas e outra em Esteio continuam operando. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Smam) faz a medição na esquina da Salgado Filho com a Borges de Medeiros, mas os dados são divulgados apenas uma vez por semana. No caso da Fepam, também estão fora de operação uma estação em Canoas (V Comar), a de Caxias do Sul, a de Triunfo (Polo Petroquímico) e a de Sapucaia do Sul. Em Caxias, a situação ocorre há cinco anos.
– Temos uma série histórica do índice de qualidade do ar. Com essas lacunas provocadas pela falta de operação das estações, a interpretação dos dados fica prejudicada – informa o químico Estevão Segalla, da Rede Automática de Monitoramento da Qualidade do Ar (Projeto Ar do Sul).
Recuperação das estações deve ocorrer no ano que vem
Coordenadora do Laboratório de Poluição Atmosférica da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Claudia Ramos Rhoden manifesta preocupação com a falta de monitoramento:
– Com essa fumaça dos últimos dias, é visível que o ar está com problemas. Essa deficiência na medição impede a adoção de condutas por parte da população. As pessoas não ficam sabendo dos riscos.
O restabelecimento das estações só deverá ocorrer no ano que vem. A Central de Compras (Cecom) do governo estadual aguarda autorização da Contadoria e Auditoria-geral do Estado (Cage) para lançar edital de licitação para a restauração das unidades.
Saiba mais
AS ESTAÇÕES
- A Fepam tem 10 estações para monitorar a qualidade do ar em seis cidades gaúchas, incluindo uma estação móvel, que também está sem funcionar. As sete fixas estão fora de operação., por falta de manutenção. Apenas duas estão funcionando, em Canoas e em Esteio.
OS APARELHOS
- Porto Alegre tem três estações automáticas de controle do ar, na rodoviária, no Jardim Botânico e na Rua Silva Só. Canoas tem duas. Os municípios de Caxias, Triunfo e Sapucaia do Sul têm uma estação, cada um
A PROMESSA
- O superintendente-adjunto da Cecom, Eduardo Jardim Pinto, informa que em novembro o processo de compra dos equipamentos deve ser finalizado, ao custo previsto de R$ 74 mil. A atualização de softwares e equipamentos, planejada para o futuro, deverá custar até R$ 1,5 milhão
(Por Maicon Bock, Zero Hora, 25/08/2010)