Os países ricos já colocaram na mesa US$ 27,9 bilhões para combater a mudança climática até 2012. O problema, segundo um estudo do WRI (World Resources Institute) divulgado nesta segunda-feira (23), é que não se trata de dinheiro novo, e sim de verbas recicladas de outros programas de ajuda internacional.
O chamado "fast-start money", ou dinheiro para ação imediata, foi um dos poucos resultados da malfadada conferência do clima de Copenhague, em 2009.
Pelo acordo, os países desenvolvidos se comprometeram a colocar US$ 30 bilhões em ações de adaptação e corte de emissões nos países pobres, especialmente nos mais vulneráveis (como os africanos e as nações-ilhas).
A meta era ter a verba disponível para ser gasta no triênio 2010-2012, mas metade de 2010 passou sem que os países pobres vissem a cor do dinheiro.
REBATIZADOS
Apesar de a promessa ter sido de que haveria dinheiro novo na mesa, segundo o levantamento do WRI, "várias das promessas são compromissos rebatizados ou reafirmados já feitos no passado".
O estudo cita como exemplo a Iniciativa Hatoyama, do Japão, de US$ 15 bilhões. Metade do dinheiro vem da verba de ajuda ao desenvolvimento que o país já paga anualmente, e mais US$ 5 bilhões vêm de fundos preexistentes. A iniciativa é bastante parecida com outra que o país já havia anunciado antes, com poucos recursos adicionais.
Os países ricos justificaram que o Acordo de Copenhague foi adotado no final do ano passado, quando os orçamentos de 2010 já estavam aprovados nos Parlamentos nacionais --daí a impossibilidade de alocar verba nova para este ano.
Mas o WRI aponta que não há nem mesmo um consenso sobre o que seja dinheiro "novo", ou um mecanismo comum de controle desses gastos. "Embora os compromissos sejam claros, seu cumprimento é incerto", avalia a ONG.
(Folha Online, 24/08/2010)