Micro-organismos podem ser vitais na limpeza do vazamento após plataforma da BP afundar
Cientistas americanos descobriram o potencial de bactérias marinhas para digerir petróleo, o que pode ser vital na limpeza do vazamento provocado pelo afundamento da plataforma Deepwater Horizon, da BP, no Golfo do México, segundo publicou nesta terça-feira, 24, a revista "Science".
Um grupo de cientistas do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley analisou a atividade marinha em uma coluna de petróleo formada a mais de mil metros de profundidade, a 16 quilômetros do centro do poço.
O grupo dirigido por Terry Hazen, da divisão de Ciências da Terra de Berkeley e principal pesquisador do Instituto de Biociências, descobriu que a atividade microbiana, liderada por uma nova espécie ainda não classificada, está degradando petróleo mais rápido que o previsto.
Segundo os especialistas, essa degradação está acontecendo em regiões nas quais não há um nível significativo de oxigênio, o que fez com que essa bactéria - da família das proteobactérias gama - não tivesse sido muito estudada até agora.
"Nossos resultados mostram que o fluxo de petróleo alterou profundamente a comunidade microbiana, por meio de um significativo estímulo das proteobactérias psicrófilas das águas profundas, que estão estreitamente relacionadas com micróbios conhecidos como degradantes do petróleo", explicou Hazen.
Os micro-organismos psicrófilos são aqueles capazes de viver a temperaturas inferiores a 5°C. "Esses micro-organismos, com sua rápida taxa de biodegradação do petróleo, parece ser um dos principais mecanismos por trás da rápida diminuição da coluna de hidrocarbonetos detectada de forma dispersa nas águas profundas", acrescentou.
A análise de Hazen e seus colegas sobre os genes microbianos na coluna de petróleo revelou uma grande variedade de micro-organismos degradadores de hidrocarbonetos, muitos deles relacionados com a concentração de diversos poluentes do petróleo.
Esses resultados, segundo Hazen, "demonstram que as populações microbianas de psicrófilos e comunidades microbianas associadas têm um papel significativo no controle final e nas consequências das concentrações de petróleo nas águas profundas do Golfo do México".
Hazen começou as pesquisas com sua equipe em 25 de maio, um mês depois do acidente com a plataforma da BP.
(O Estado de São Paulo, 24/08/2010)