Embora tente se protestar pelo plano jurídico contra a Alpa, o advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), José Batista Afonso, reconhece que “não dá para barrar esses projetos apenas juridicamente. Uma frente da sociedade tem que ser urgida, pois os tribunais superiores são altamente influenciáveis a favor dos executores”.
No entanto, ele identifica os motivos que fragilizam a participação mais efetiva da população contra a irregularidade desses empreendimentos. “A propaganda de crescimento econômico e emprego adormece os setores da sociedade civil. Hoje, a mobilização, principalmente contra o projeto Alpa, inexiste”, observa.
Num dos lugares mais movimentados de Marabá, conhecido como a Feira da Folha 28, o senhor Adelson, de 65 anos, reforça a constatação de Batista ao defender a construção da ALPA: “vai gerar crescimento, mais emprego, acho que vai ser bom”.
Falácias
Para o professor de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA), Cloves Barbosa, as justificativas difundidas pelos diversos meios de comunicação formam uma opinião favorável na população. “O que parece aos olhos e mentes das pessoas é que está acontecendo a implantação de um grande empreendimento que vai gerar mais empregos, trazer maiores oportunidades de geração de renda e proporcionar maiores chances de formação profissional. Mas isto não passa de um grande engano geral”, reflete.
Contudo, o jovem Antônio, de 25 anos, vendedor de relógios na Feira da Folha 28 se entusiasma: “esse projeto significa esperança para o jovem, a região vai desenvolver, vai ter emprego para todos”.
Barbosa, porém, observa que, “quanto mais o capitalismo avança, mais os empreendimentos se tornam marcados pelo uso de tecnologias e máquinas que empregam cada vez menores quantidades de força de trabalho”.
(Por Marcio Zonta, Brasil de Fato, 24/08/2010)